É marcante, a natural vocação e capacidade que assumiu o cristianismo latino, para a aculturação e assimilação dos costumes dos povos onde este chegou. E isto unido harmoniosamente, a uma firme centralização, no que se refere à liturgia e à organização e a doutrina.Infelizmente em relação à Liturgia, estamos caminhando para uma variedade absurda, ao ponto de que para cada paróquia teremos um rito diferente, ao gosto do padre e da comunidade.
Por certo riquíssimas são as liturgias orientais. Mas estas tornaram-se nacionais e se firmaram tanto nos costumes dos povos a que pertencem que são como património cultural destes povos. Com o catolicismo romano se deu o contrário. Este universalizou-se de tal forma que se tornou por assim dizer cultura do próprio povo onde chegou. Até mesmo a língua litúrgica adotada, O Latim só tornou-se universal e oficial , quando não mais era uma língua viva; já que se o fosse, isto poderia indicar o domínio dos romanos sobre os outros povos. Na arte sacra as imagens dos santos, Cristo e da Virgem, não ficaram presos a um estilo ou forma. Reproduzem as faces e as vestes dos povos onde estava a Igreja. Por isso temos imagens para todos os estilos artísticos: barroco, gótico, romano e em todas as formas. Pinturas, Ícones, Estátuas, vitrais, mosaicos. Só no Catolicismo romano Cristo tanto pode ser representando como um negro e a Virgem Maria como uma chinesa. Pois não se reproduz a pessoa fisicamente, mas o mistério que a envolve. E este mistério é o mesmo: Nas imagens de Cristo se representa a humanidade do Verbo que se fez carne; que pode ser tocada, como o o fez São Tomé logo após a Ressurreição. Para as imagens da Virgem Maria se representa todos os seus privilégios: Imaculada Conceição, Maternidade Divina e Assunção. Eis o motivo destas serem vestidas como rainhas da terra, com as vestes destas mulheres poderosas e ricas deste mundo, pois sendo nossa mente pobre para alcançar a glória celeste, só a poderemos atingir por antologia, com as coisas mais belas e ricas que conhecemos. Não fez assim também são João no Apocalipse aos descrever a Jerusalém celeste? Por isso as imagens da Virgem e dos Santos não os representam com viveram neste mundo. Mas tentam repassar numa linguagem deste mundo, a glória do paraíso.
As festas e devoções aos santos assumiram os costumes dos lugares. E muitas delas foram celebradas no mesmo dia em que se cultuava deuses pagãos, pois foi esta a melhor forma de fazer, a estes, esqueceram seus antigos deuses e leva-los para Cristo através dos que o serviram neste mundo. Mesmo reconhecendo os exageros e resquícios de superstição em algumas devoções, mesmo assim, se pode sempre ligar o santo a Cristo. Cabe aos padres nunca perderem esta oportunidade de sempre dizer para o povo: O Santo, a Virgem Santa, amaram e serviram a Cristo. E por isso são santos; porque o amaram neste mundo e estão com Cristo no céu.
Tenho por Certo que se o cristianismo houvesse se espalhado na Europa e América sob o modo oriental, étnico, fechado, ou modo protestante fundamentalista, literal, não haveria tanta possibilidade de assimilação cultural. Haveria uma reação popular de apego a costumes que muito bem poderiam ser assimilados, e que esta forma de Cristianismo de certo rejeitaria. Para exemplificar, até mesmo para unificar a Eucaristia, na santa missa, a Igreja unificou o pão eucarístico para um fina partícula branca. A fim de que cada povo não começasse a usar como matéria de consagração pão doce, quibe, broas de trigo, em fim o tipo de pão próprio daquele lugar. Não sendo um pão diário e de forma comum, pode muito bem, ser associado apenas ao pão que se vai consagrar. E os santos? Tão inculturada é a devoção aos mesmos, tão representados conforme o povo da região, que muitos os tem como nascidos em sua terra. Lembro que quando criança, ouvia comentários de parentes, que São Francisco de Assis, nascera em Canindé, Ceará, onde há o seu santuário, atualmente Basílica menor, e que ele ainda estava vivo nesta cidade do interior cearense.
Grande sabedoria desta Igreja, que tendo com referencia de unidade o Bispo de Roma pastor de todas as igrejas locais, ao mesmo tempo, manifesta a sua divina vocação pra a universalidade. Verdadeiramente católica e não de um povo. Mas de todos. E até mesmo, a palavra que a distingue, romana, não indica sua origem, a sua língua, mas unicamente a pessoa do santo padre, que providencialmente é também o bispo da Sê Apostólica de Roma, onde se verteu tanto sangue de mártires, onde o grande Apóstolo São Pedro, derramou o seu sangue, também pregado numa cruz, por confessar Jesus, Salvador e Ressuscitado.
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