domingo, 11 de março de 2012

O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA




Entendo que cada período histórico para o ocidente cristão, contemplou Jesus Cristo dando destaque a um aspecto de sua personalidade e de sua missão ímpar, na história da humanidade. Na igreja apostólica, Jesus é ainda o messias prometido aos judeus, o juiz do fim dos tempos e por sua morte e ressurreição o salvador dos pecados. Este é o querigma, o primeiro anuncio dos apóstolos para os judeus: "Aquele Jesus, morto pelas sumos sacerdotes e líderes judeus, foi ressuscitado por Deus e colado à sua direita. Por meio dele Deus nos perdoa os pecados." (Atos 2,36) A divindade de Jesus está ainda escondida no fatos marcantes de sua vida, principalmente a Ressurreição. O mesmo ainda é visto como o maior doas profetas e o servo de Deus. (Atos 3, 13)Providencial que tenha sido assim, porque se  tivessem compreendido todo o mistério de Cristo, com a entrada dos gregos politeístas na Igreja, Jesus teria se tornado mais um deus no olimpo dos deuses destes. Era necessário pregar a unidade de Deus e a relação do Filho com o Pai e deste com os homens. O messianismo judaico se torna escatológico. (Atos 3,21) Deixa de ser para a história e para o povo de Israel e passe a ser para o mundo todo. Jesus não será o novo Rei Davi que trará o Reino de Israel de volta a glória anterior como pensavam os apóstolos mesmo após a ressurreição. (Atos 1, 6) Jesus é o juiz e o rei do fim da história.(Atos 10,42) Designado por Deus para julgar os homens.
Num segundo período, na Igreja antiga, inicia-se a especulação teológica do mistério de Cristo. Com a divulgação do Evangelho segundo João, Jesus é mostrado como o Logos, termo já conhecido pelos filósofos gregos para designar a sabedoria e a ordem do universo; proclama-se a divindade do Filho unigênito, que se fez carne e ao mesmo tempo, a distinção deste do Pai. Mas é preciso manter o monoteísmo. Não são dois deuses. Ário pensando evitar um retorno ao politeísmo pagão, entende Jesus como uma criatura. A mais perfeita criada por Deus e nega que este seja Deus Criador. Porem,de outra forma, termina reduzido Jesus a um semi-deus ao lado do Deus único. O mistério permanece. Mas é fortemente afirmado, que Jesus mesmo não sendo Deus Pai, é  verdadeiro Deus. Deus de Deus. Luz da Luz. Porque a divindade é unica e não poderia ser mais de uma. Mas a comunhão na divindade é trina e esta é uma comunhão de relação. Em que cada um das consciências divinas se doam a outra sem nada perder ou acrescentar a si mesma. Eis a revelação plena da Trindade cristã. Um só Deus  Pai, Filho, Espirito Santo.
Com a  queda do Império romano e a invasão dos bárbaros começa um novo periodo histórico. Neste período Jesus é o Salvador crucificado. Mas é na cruz que ele mostra maior poder. Pois pela cruz redimiu os pecadores das penas eternas do inferno. Jesus é Deus de forma absoluta. As referências ao Pai e ao Espirito Santo são circunstancias. A missa é oferecida a Deus Pai. O Espirito Santo é invocado, mas é Jesus quem se destaca. É Jesus Deus, que aparece com supremo poder através da Igreja. Pelo papa, vigário de Cristo, Jesus exerce o que dele fora profetizado: "Reger todas as nações como um cetro de ferro." Muitas nações se convertem em massa ao cristianismo porque seria impensável, na época, um soberano aderir a uma religião e deixar que o povo escolhesse outra ou permanecesse na que estava. Mesmo não sendo oficialmente obrigado a força, pelo  dever de obediência ao rei, o povo também devia se converter e aceitar o batismo. Assim aconteceu com os francos, de quem descendem os franceses. Costume não de todo estranho aos cristãos dos tempos dos apóstolos em que a conversão do pai de família, incluía a conversão de toda a família, a esposa e os filhos.(Atos 16,33) Não se tolerava que o chefe de família se tornasse cristão e seus filhos e esposa se recusassem a isto.  Ocorria perseguição e até denuncia só no caso contrario. Em que apenas um membro da família se convertia ao cristianismo. Seus próprios familiares tornavam-se inimigos cumprindo a profecia de Jesus. "Os inimigos do homem serão os de sua própria casa." Jesus era Deus homem durante toda a Idade Média. E Deus crucificado. A cruz manifestava triunfo e poder. E ao mesmo tempo testemunhava um amor absoluto. Perante a cruz com o Senhor, curvam-se reis e papas. Assim como perante o Santisismo sacramento de seu corpo e sangue. Estava formada a Cristandade. Civilização alicerçada na soberania de Cristo sobre povos e indivíduos. O rei é uma imagem imperfeita do único Rei. Jesus,  o Rei do Céu, a quem também pertencia os povos da terra. Por isso para mentalidade da época era inadmissível recusar Jesus como Rei, Senhor e Salvador. E os soberanos cristãos se encarregaram de garantir o domínio de Cristo e da Igreja sobre os povos. Que apesar das imperfeições inerentes ao ser humano, possibilitou uma civilização que defendia os valores do evangelho, embora ao mesmo tempo, por excesso de zelo ou até mesmo má fé, tenha sido cruel ou dado um testemunho contrario do que Jesus havia ensinada em relação aos inimigos. Foi uma época dos extremos. Muitos tudo perdia e arriscavam a vida por amor ao próximo, nascido da fé em Jesus, e muitos serviram-se da Igreja e do poder para causar danos ao próximo. Mas em nenhum outro período a Igreja teve tantos santos.Tantos nobres e ricos se fizeram mendigos para seguir o crucificado. Eram loucos de amor por um homem crucificado a quem adoravam como Deus e  a quem desejavam obedecer como a um Rei.
Nos tempos modernos, Jesus é aceito como um grande mestre. Mestre que nos deu exemplo do que se deve fazer. Um a mais para ajudar a humanidade. Por isso espíritas e esotéricos admiram Jesus. Louvam e divulgam o sermão da montanha. Mas quando Jesus é mostrado como o único Caminho para Deus, a única verdade sobre Deus e sobre os homens, e a unica Vida que vem de Deus para nós, aí dizem se cria o sectarismo, os ódios religiosos, e se ameça a paz. E no entanto, seria preciso rasgar o Evangelho para aceitar Jesus apenas como um Mestre. Pois ele de fato disse sim que era mestre, mas também disse: "Eu sou o Caminho a verdade e a vida, Ninguém  vai ao Pai a não ser por mim." (João 14, 6) Um conhecido Espírita chegou a tentar amenizar esta frase de Jesus, dizendo que lera algum escrito em que nos originais gregos Jesus teria dito: "Eu sou o caminho da verdade e da vida" outros dizem que Jesus ao dizer Ninguém vai ao Pai (Deus) a não por mim, se referia ao Cristo interior, aos espírito do homem. Como se estivesse bem claro que Jesus estava se referindo a ele mesmo. Esta parte do Evangelho e esta outra são como uma pedra de tropeço para os pacifistas, os ecumênicos, a turma de que toda religião salva e que Cristo poder ser amado e servido em todas, porque o importante não é sua pessoa, mas o amor que ele pregou. " Ninguém sabe quem é o Pai a não ser o Filho. E ninguém sabe o que é o Filho a não ser o Pai. E aquele a quem O FILHO  o quiser revelar." (Mateus 11,27) sabemos que o Filho é Jesus. Ele se identifica como sendo O  filho de Deus e não mais um filho. 
O mundo moderno recusa monarquias, reis e rainhas. Chamar Jesus de Rei não surte o efeito esperado para o apostolado moderno. Chamar Jesus de mestre é mais ecumênico. É menos sectário. Por certo, que houve muitos outros mestres. Buda, Confucio e até Maomé, poder ser incluindo neste rol de mestres que só pensaram em melhorar a humanidade. Mas nenhum destes mestres, teve a audácia de dizer: "Eu sou o caminho , a verdade e a Vida." Nem Buda, nem Confucio, nem os grandes lideres religiosos chegaram ao máximo do aparente egocentrismo de Jesus. Eu. Não outro. Jesus diz: Eu sou... 
Acredito que seja mais eficaz apresentar aos homens de hoje, ávidos por uma orientação de como proceder na vida, Jesus como Mestre. Mas nunca ocultar que ele é mestre justamente porque só nele e por ele, teremos a acesso a verdade, porque ele nos trouxe a verdade sobre o que Deus é,  e o que os homens são para Deus; o caminho que nos conduz para Deus é ele mesmo, pelo que fez por nós, ao aceitar a morte e morte na cruz; e a vida  que ele nos deu ao nos dar o Espirito Santo, que é Deus vivendo e agindo em nós. E assim, por mais que queiramos a paz, a união entre os povos, só quando todos aceitarem Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, é que termos esta paz; nenhum governo humano poderá nos dar sem Jesus Mestre, um  caminho outra  verdade e nova vida. Nem uma fraternidade entre as religiões será possível sem Jesus Mestre, caminho verdade e vida. O mundo definitivamente ficou dividido entre os que aceitam Jesus completo, total e aqueles que o aceitam apenas como mais um mestre de sabedoria. Jesus confirma-se assim, como dele fora profetizado, um Sinal de contradição. Pedra de tropeço para os que não creem. Pedra angular de salvação para os que creem e o aceitam como o seu único mestre, caminho , verdade e vida.

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