O celibato não
é exclusivo do clero. Na verdade, ele surgiu entre os monges e eremitas na
Idade Antiga. O celibato clerical é posterior ao celibato religioso. São Paulo,
quando diz, que o solteiro cuida das coisas do Senhor, não se refere aos bispos
e padres, mas a todos os batizados que queiram se dedicar de corpo e alma a
Cristo. (1cor 7,32) É preciso entender que o sacramento da ordem, não é
invalidado se concedido a um homem casado, caso fosse abolido o celibato
obrigatório para ordenar-se; porque o celibato não é matéria e nem forma do
sacramento da ordem. Há que se valorizar celibato por causa de Cristo e
não por causa do sacramento da ordem, pois são distintos; se não o fosse,
não se compreenderia o motivo de haver homens celibatários, que não desejam serem
padres. E nem a existência dos monges que não eram padres e dos religiosos não ordenados. São Bento e
São Francisco de Assis, eram religiosos e celibatários, mas nunca foram
ordenados.
É possível hoje
viver a castidade consagrada reconhecida
pela Igreja, nos Institutos de Vida Secular Consagrada. De certa forma, estes Institutos,
também masculinos, embora muito poucos, ajudam a compreender o Celibato, com valor
em si mesmo, sem o status do estado clerical. Acredito que pouca procura pelo estado celibatário consagrado,
desvinculado do sacramento da ordem, se dá pelo fato, de que o celibato só é entendido
e até mesmo aceito, se o rapaz ou homem desejar ser padre. Na verdade, muitos se perguntam
“Se não quis casar porque não ser padre?” Esquecem que a amor pelo Reino dos
céus, a dedicação exclusiva a Cristo, não fica restrita a um ministério, ou à
ordenação sacerdotal. Quando São Paulo diz: “... o solteiro procura cuidar das
coisas do Senhor.” (1Cor 7,32) Ele não está dizendo isto referindo-se ao bispo
ou ao presbítero; indica o homem solteiro, que decidiu permanecer solteiro, por
amor aos interesse de Cristo, no mundo e para anunciar a nova vida ou o novo
mundo, em que as relações afetivas sexuais estão superadas, porque os homens não
terão mais mulheres e estas não terão mais maridos. (Lucas 20,34-36)
O celibato é
tão valioso em si mesmo, que veio ajuntar-se posteriormente ao ministério
ordenado e enriquece-lo; porque, nada mais conveniente, do que aquele que dentre
os irmãos que assumiu o pastoreio do rebanho, se dedicar apenas a este e não dividir
o amor ao Reino de Deus com interesses de sua própria família.
Francisco Silva de Castro
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