"Meu
Senhor tem um livro que nenhum clérigo leu, por mais perfeito que seja no seu
clericato." (Santa Joana d´Arc)
Afirmação com aparência de soberba mas
que na verdade indica que Deus se revela aos simples, aos pequenos e aos que o
amam e confiam, nele sem precisar de provas e nem mesmo de compreender. Foi com
esta simplicidade e de certa forma até mesmo certa ingenuidade que Santa Joana
d´Arc enfrentou tribunal eclesiástico que a julgava formado por bispo e
vários teólogos, muitos deles filhos de São Domingos (Dominicanos). Jesus já
havia exultando antes quando exclamou no Espírito Santo: “Graças te dou ó Pai,
porque escondestes estas cosias aos sábios e entendidos e as revelastes aos
pequeninos”.
E em que consiste a sabedoria dos
pequeninos? Em crer e amar. E o amor se manifesta na obediência. Nisto
consistiu a santidade de Joana d´Arc. Crer e amar. Por amar obedecer.
"Tudo espero de Deus meu Criador. Eu amo de todo o meu coração."
Neste amor a compensação dos mistérios da fé, nada manifesta de especulativo. É
apenas aceitação completa, mesmo que não se possa entender. Na verdade nem
mesmo há procura por nenhum entendimento. Há a aceitação pura e despojada do
criatura perante a Sabedoria Eterna sempre inacessível de forma plena à racionalidade humana.
Santa Joana d´Arc acreditava (e via)
os anjos. Nunca se perguntou por sua essência e como Deus os havia criado. Mas
definiu de modo até mesmo, digamos engraçado, o que estes eram diante de Deus.
Quando perguntaram se São Miguel aparecia nu para ela, respondeu prontamente:
"Pensas que Deus não teria recursos para vesti-lo?" Simples. Os anjos
são os servos de um Senhor absoluto. Dependem dele até para a vestimenta se preciso. De certa forma,
estão neste caso abaixo dos homens, que trabalham para confeccionar as vestimentas.
Embora Deus os vista também pelo trabalho destes. Nada de procurar defini-los.
Estes são para Joana tão reais como os juízes que estavam perante ela. "
Eu os vejo com os meus olhos, assim como eu vos vejo"
A santa que via outras santas. Nada de
explicações sobre o que significa a santidade. Mas a definição completa
numa frase. Quando perguntaram se as santas que ela via odiava os
ingleses disse com sinceridade. “Elas amam
oque Deus ama e odeia o que Deus odeia.” Talvez tenha iniciada uma nova
discussão teológica ou escandalizado até o mais simples dos catequistas com o esta
afirmativa de que Deus odeia. Expressão muitas vezes aplicada a Deus nas Sagradas
Escrituras. Deus odeia o mal e os malignos. A luz expulsa as trevas. Jesus mesmo disse que o
mundo o odiava porque ele mostrava que suas obras eram más. O que mais importa, é saber que este ódio em
Deus não é uma emoção como o nosso ódio. Deus não combina com o erro, o mal, e nem mesmo com o próprio ódio.
Neste sentido, para nós, seres emotivos, não há santidade sem o ódio ao mal no sentido de total recusa a este.
Eis a simples definição do que vem a ser santo. Uma pessoa que só é capaz de
querer o bem, o justo e o correto.
Joana se porta diante de Deus como aquela que enviada por Ele, sustentada por Ele. Nunca ninguém dentre os santos foi desfiado a prestar explicações sobre sua fé do que ela. Seu processo durou seis meses. O mais longo da história. Fato raro nas inquéritos da Inquisição. Talvez para que fosse possível testemunhar com suas palavras a sabedoria dos simples a que Jesus se referiu no Evangelho e escandalizar os sábios e entendidos deste mundo que desejam perscrutar os mistérios infinitos de Deus revelado aos simples e puros de coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário