Padres pregam proposta de reforma política. Fiéis, não assinem!
Bruno Braga.
Quando
padres passam a utilizar o altar para promover uma proposta de reforma
política, o mínimo que se deve fazer é investigar para onde eles, com a ousada
iniciativa, estão conduzindo o seu rebanho. Não, não é pecado. A investigação é
um dever irrenunciável principalmente quando a proposta na qual estão engajados
- a que é apresentada por uma "Coalizão pela Reforma Política
Democrática" [1] - aparece subscrita, não só pela CNBB [2], mas por grupos
e organizações como MST, CUT, UNE, CTB, UBM, CONTAG, entre outras [3] - que
empunham bandeiras completamente contrárias aos princípios da Igreja Católica.
Abortismo, ideologia de gênero, legalização das drogas, luta de classes, etc. O
objetivo aqui não é examinar a proposta de reforma política nos termos do
financiamento público das campanhas eleitorais, do sistema de listas para a
escolha dos candidatos ou nos da exigência de maior participação das mulheres
nas eleições. São pontos sim relevantes, e absolutamente questionáveis. Porém,
há um elemento especial na proposta abraçada pelos padres - não por todos - que
esconde ardilosamente o que de fato está em jogo: um ambicioso projeto de
concentração de poder que cada vez mais toma de assalto o país.
"Sociedade
civil". Essa expressão aparece em pontos nucleares da proposta apresentada
pela "Coalizão pela Reforma Política Democrática". Por exemplo, o
artigo 8A estabelece o seguinte: "As campanhas dos plebiscitos e
referendos terão a participação na sua criação, coordenação e execução de organizações
da SOCIEDADE CIVIL, juntamente com partidos políticos e frentes
parlamentares" - Parág. único: "Será assegurada a igualdade entre as
organizações da SOCIEDADE CIVIL em relação aos partidos políticos e frentes
parlamentares participantes na CRIAÇÃO, COORDENAÇÃO e EXECUÇÃO das campanhas
referidas no caput" (p. 18). Assim, a "sociedade civil" é
inserida na elaboração e na condução de plebiscitos e referendos, instrumentos
que serão utilizados para decidir "questões de grande relevância
nacional" (Cf. art. 3A e 3B, p. 18). Acontece que ela - a "sociedade
civil" - não é representada concretamente pelo cidadão comum, mas sim por
líderes, organizações e "movimentos sociais" controlados ou
associados, patrocinados por agentes e grupos políticos. Grupos ligados
principalmente ao PT e aos que com ele trabalham em consórcio para promover o
SOCIALISMO-COMUNISMO no Brasil - grupos que subscrevem a proposta de reforma
política apresentada pela "Coalizão pela Reforma Política
Democrática" [4].
O
que parece fortalecer o poder discricionário da população em geral, na verdade,
promove grupos que estão integrados a um projeto de poder totalitário. Eles
decidirão o que é uma "questão de grande relevância nacional" e
condicionarão subrepticiamente as escolhas e decisões das pessoas, pois
participarão da elaboração, promoção e execução de plebiscitos e referendos.
Pior. Esses mesmos grupos irão adquirir o mesmo status dos representantes
escolhidos pelo voto, estes sim escolhidos pela população (Cf. art. 8A, parág.
único). Enfim, não é possível estabelecer o grau de inocência, de ignorância -
ou de má-fé - dos padres que propagandeiam no altar a proposta de reforma
política apresentada pela "Coalizão pela Reforma Política
Democrática". Certo é que, com essa iniciativa, eles estão conduzindo o
seu rebanho, induzindo os fiéis a consolidarem um projeto de poder que foi
erguido às custas de um assalto à Igreja Católica, instrumentalizada sobretudo
por um simulacro de teologia forjado para favorecê-lo - a Teologia da
Libertação. Portanto, sacerdotes e fiéis que não desejam contribuir com isso,
não apoiem - não assinem! - essa proposta de "reforma política".
NOTAS.
[1]. "Coalizão pela Reforma Política
Democrática e Eleições Limpas"
[http://www.reformapoliticademocratica.org.br/
].
[2]. Os católicos precisam aprender de uma vez por
todas: a CNBB não pertence à hierarquia da Igreja Católica, e, por isso, não
tem autoridade para falar em nome dela.
[3]. Idem - "Quem somos"
[http://www.reformapoliticademocratica.org.br/?page_id=543
] e Cartilha "Coalizão pela Reforma Política
Democrática e Eleições Limpas", p. 43
[http://www.reformapoliticademocratica.org.br/wp-content/uploads/2014/04/cartilha.pdf
].
[4]. A propósito, o leitor interessado pode comparar
a proposta de reforma política apresentada pela "Coalização para a Reforma
Política Democrática" com a do PT - elas são praticamente idênticas.
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