Hoje em alguns grupos, principalmente comunidades da Renovação Carismáticas e tradicionalistas, ouve-se falar muito da consagração à Nossa Senhora. Esta consagração é indicada segundo o método ou formula de São Luís de Monfort.
O que vem a ser uma consagração? Consagração é uma entrega de toda a vida a Deus. É como um holocausto. Uma oferta de um ser vivo para mostrar que só Deus é o autor da vida. É uma a manifestação do culto de Adoração. Por isso, a consagração só pode ser feita a Deus e a nenhuma outra criatura. Desta forma fica incompleto e inconveniente referir-se simplesmente consagração à Maria, como se estivéssemos ofertando a ela, um holocausto. Mesmo sendo a Virgem Santíssima a mais santa e perfeita dentre os redimidos ela continua sendo uma criatura. E não pode receber a oferta de nossa vida para ela mesma. Ou seja, ela não pode a destinatária final de nossa consagração. Toda consagração deve feita unicamente a Deus ou a Cristo. E São Luís Monfiort deixa isto bem claro na formula de consagração que criou. Primeiro a pessoa se dirige à Sabedoria encarnada, Jesus Cristo. Depois se consagra-se a esta mesma sabedoria renovando-se as promessas do batismo.
Mas reconhecendo a sua condição de criatura pecadora e consciente da divindade e perfeição absoluta de Cristo, recorre-se à Santíssima Virgem para ser como que a madrinha desta consagração. Para que por sua intercessão possamos viver com total dedicação a Cristo como ela também viveu. A Virgem não é a meta final de nossa consagração. Não é o fim ultimo da mesma, como dão entender quando se referem a ela dizendo simplesmente:"Consagração à nossa Senhora". A consagração é a Jesus Cristo, CONFIANDO-SE À INTERCESSÃO DE NOSSA SENHORA.
Vejam os principais itens da fórmula de consagração de São Luís Maria de Montfort.
1. Oração à Sabedoria Encarnada:
Ó Sabedoria Eterna e Encarnada! Ó amabilíssimo e adorável Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, unigênito Filho do Eterno Pai e da sempre Virgem Maria, adoro-vos profundamente no seio e nos esplendores do vosso Pai, durante a eternidade, e no seio virginal de Maria, vossa Mãe digníssima, no tempo de vossa Encarnação.
2. Consagração à Sabedoria Eterna e Encarnada:
Renuncio para sempre a Satanás, suas pompas e suas obras, e dou-me inteiramente a Jesus Cristo, Sabedoria Encarnada, para segui-lo levando minha cruz, em todos os dias de minha vida.
E, a fim de lhe ser mais fiel do que até agora tenho sido, escolho-vos neste dia, ó Maria Santíssima, em presença de toda a corte celeste, para minha Mãe e minha Senhora.
3. Confiança na Intercessão de Maria Santíssima:
Ó Mãe admirável, apresentai-me a vosso amado Filho, na qualidade de escravo perpétuo, para que, tendo-me remido por Vós, por Vós também me receba favoravelmente. Ó Mãe de misericórdia, concedei-me a graça de obter a verdadeira Sabedoria de Deus, e de colocar-me, para este fim, no número daqueles a quem amais, ensinais, guiais, sustentais e protegeis como a filhos e escravos vossos. Ó Virgem fiel, tornai-me em todos os pontos um tão perfeito discípulo, imitador e escravo da Sabedora Encarnada, Jesus Cristo, vosso Filho, que eu chegue um dia, por vossa intercessão e a vosso exemplo à plenitude de sua idade na terra e de sua glória nos céus. Assim seja.
Infelizmente, se reduz esta bela forma de entrega absoluta a Jesus, que consiste basicamente na renovação de nossa principal consagração, a do batismo, a uma entrega de si mesmo unicamente à nossa Senhora, como fim ultimo da consagração. Isto nunca passou pelo pensamento de São Luís de Monfort. Ele sempre entendeu Maria unida a Jesus e vivendo em Jesus e Jesus nela. Um inseparável do outro. De modo que nossa entrega a Maria é apenas um meio de renovar a nossa absoluta entrega a Jesus no dia de nosso batismo. E Nossa Senhora é a madrinha , escolhida por nós, para que nos ajude, mediante suas preces, a vivermos nossas promessas batismais. Se entendida apresentada de maneira correta, ou seja, mencionando da forma clara, como Consagração de Si mesmo à Sabedoria Eterna e encarnada, Jesus Cristo, mediante a proteção da Santíssima Virgem, a consagração é licita e possível. Porem, se formulada como um ato de oferta absoluta e final para a virgem, pode sim, ser entendida ou tornar-se como que uma espécie de culto de adoração, o que não é permitido pois nós veneramos e reverenciamos a Santíssima Virgem, mas não adoramos. Com ela adoramos a Cristo,o seu Filho e nosso Salvador.
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