Verdadeiramente o ícone indica mais o espiritual a eterna presença de Deus e a relação com ele. Tanto é assim que não há ícones de heróis da pátria. Só estátuas. As esculturas congelam o tempo. Aquele momento do passado e coisificam a pessoa. Uma tia minha por afinidade, disse que antes pensava que o santo e a imagem fosse uma coisa só. Ou seja, ela só tinha do santo a imagem dele. Nada de sua vida ou de sua pertença ao mundo de Deus e a Deus. Algo muito parecido com o que faziam os pagãos com o seus deuses. E na religiosidade popular quando roubam o São José (imagem) para vir chuva, por aqui no Ceará, ou quando colocam o Santo Antônio (imagem) de cabeça para baixo para arranjar casamento se faz esta identificação da escultura, com o próprio santo, em contradição com a própria doutrina da Igreja pois esta no catecismo ensina, que o culto a imagem é relativa ao que é representado e não a esta em si mesma, porque o santo está noutra realidade, está com Deus. Está no céu. A imagem o simboliza. O representa. Não o coisifica. Não faz desta um objeto mágico e com poderes.
Porém, as esculturas ocidentais mostram o santo para este mundo e congelados na ação deste mundo. No passado, e de certa forma preso ao presente apenas por meio de sua escultura. Não ocorre assim com ícone, que é como um sinal, uma janela do outro mundo, da eternidade em Deus. O Ícone tenta demonstrar em imagens e cores a vida em Deus e com Deus. A visão da Santíssima trindade. Tudo neste, cores vestes, posição, é símbolo e sinal de uma realidade maior, diria imaterial. Por isso na tradição oriental e ortodoxa, creio que não haja chaveiros, ímãs de geladeira, brincos, com ícones do Senhor e dos santos como há bastante entre os católicos. Porque eles são sagrados, são objetos feitos para o louvor de Deus e para manifestar como a graça de Deus agiu nos santos. Tal e qual eram os querubins da glória sobre a Arca da Aliança e os que haviam no templo de Jerusalém. O ícone é para a glória d Deus e não para o engrandecimento e uso do homem, para obter sorte junto à escultura do santo ou da santa, como o povo chama uma imagem de qualquer santo. “Olha o santo” “Beija a santa...” pouco se interessando pelo que este santo ou santa fez para ter uma imagem na Igreja.
Pena que não tenhamos ícones em nossas igrejas romanas e nem nas lojas de artigos religiosos. Eu prefiro os santos ícones.
Prof. Francisco Silva de Castro
Cascavel, 28/01/012
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