Como a alma pode sobreviver à morte corporal se esta foi criada para ser a forma do corpo e existir em função dele, a fim de constituir a pessoa humana, que é uma unidade de corpo e alma? A concepção cristã da natureza humana difere da concepção grega e platônica. (Filósofo Platão) Para esta a alma é eterna e pré-existente ao corpo. Na verdade, o corpo é como que uma prisão para a alma. Já a tradição judaica e cristã concebe o ser humano como uma unidade composta de matéria (corpo) e alma ( o espírito ou sopro de Deus). De modo que a morte é separação do espírito (alma) do corpo. Voltando a pessoa ao nada. Ao pó. No entanto, como a crescente convicção de que a justiça divina não seria perfeita, se ao homem fosse concedido morrer de uma vez por todas, foi revelando-se ao poucos para os judeus, a crença na Ressurreição dos mortos. Ressurreição esta, logo após a morte para a alma e ao final dos tempos para a pessoa humana, o corpo e alma. De modo que em vista da ressurreição futura, Deus impede no momento da morte, que a alma, ou seja a consciência racional do homem, dotada de compreensão e vontade, velha a parecer junto com o corpo. Não em virtude da natureza espiritual da alma, mas tendo em vista a ressurreição geral no fim dos tempos. Já que a alma não foi criada para ser um puro espírito, deveria morrer junto com o corpo. Se não morre é porque está destinada a reconstituir a pessoa, no final dos tempos, pela Ressurreição. Pelo pecado entrou a morte biológica para os seres humanos no mundo. Pela morte de Cristo veio a ressurreição e a vida. Há uma corrente teológica moderna, que entende que a Ressurreição geral acontece na hora da morte. Sendo assim, morrer seria já um despertar para a Ressurreição final, porque não tendo consciência do pós-morte, o morto, mesmo que tenha passado milhares de anos, desperta repentinamente na Ressurreição do fim dos tempos. Ora, isto colocaria dois problemas: Não se teria ressurreição propriamente dita, pois não haveria recuperação da pessoa, a partir de uma parte salva, como um arquivo preservado, mas sim haveria uma nova criação. Teríamos dois mundos simultâneos que nunca se encontrariam, o mundo presente e o mundo dos ressuscitados, de modo que todos os mortos teriam ressuscitado no mesmo dia neste outro mundo. Tanto os que morreram a há milhares de anos atrás como os que morrem hoje. Para podermos falar de ressurreição torna-se fundamental que algo constitutivo da natureza humana seja preservado. Algo que tenha pertencido só e unicamente aquele individuo humano que morreu. No caso, a alma ou parte espiritual do mesmo, dotado de consciência e vontade. Entre a ressurreição e a morte, sendo puramente espiritual, as faculdades que alma opera são o conhecimento, a memória e vontade. Não tem relação direta nem com as outras almas e nem com o mundo presente. Está ligada de forma especifica ao nosso tempo, porque para alma é necessário que ela tenha consciência da ressurreição futura, que ainda não aconteceu. Porém esta expectativa não gera nenhuma ansiedade ou tristeza para a alma. Ao contrário, pela certeza da Ressurreição futura e contemplação espiritual da mesma, alma exulta de alegria por esta expectativa. Mesmo que uma apreciação da alma, uma informação que ela recebe, possa corresponder a milhares de anos em relação ao tempo da Terra. Em sua consciência pós-morte a alma revive toda a sua vida terrena. Para os que morrem na graça e estão em Deus revive o que fez segundo a vontade Deus. E isto traz a esta, alegria e bem-aventurança e gratidão a Deus. Os que estão longe de Deus, revivem todos os seus pecados e esta memória destes traz para estas, desespero e revolta. Este é o inferno espiritual da alma. Pela intuição a alma é movida a interceder por pessoas particulares aqui na Terra. Tanto as que invocam o seu nome ( intercessão dos santos) como por aquelas a quem Deus induz a alma a interceder. Elas não tem o conhecimento dos que acontece na Terra diretamente. De modo que nem uma só alma pode visitar a Terra. Embora Deus possa suscitar uma imagem no cérebro de um vidente, que corresponda a um santo que esteve na Terra e por meio deste enviar sua mensagem. No entanto é só por meio de Deus que é produzido este fenômeno, que nada tem a ver com a mediunidade dos espíritas. Para eles, esta comunicação é direta e natural. Deus move a alma a querer manifestar-se a uma pessoa para fazê-la conhecer a vontade de Deus para ela ou para a Igreja. E ao mesmo tempo, Deus predispõe o cérebro desta pessoa a criar uma imagem mental desta alma bem aventurada, em conformidade com a imagem mental que tem deste santo, por suas imagens. Em síntese, é uma visão provocada diretamente por Deus e não pela alma e nem tampouco pelo Cérebro, porque se fosse pela mente da pessoa seria uma alucinação. As almas não mantem relações diretas entre elas. Só sabem da existência daquelas a quem foram muito unidas no mundo e estão na contemplação de Deus. Desconhecem as almas que estão no inferno. E se comunicam indiretamente por meio de seus anjos. Em resumo entre a ressurreição e a morte e as almas tem apenas consciência de si mesmas; e por intuição das que precisam de sua intercessão e do fatos que ,segundo a vontade Deus, Deus as revela para alma, mantendo um união com as mesmas por meio dos anjos que provocam nas almas, a percepção da situação dos que estão na Terra. Embora não veja estas agindo no mundo, apenas intuem suas necessidades. E mesmo intuído que estão com problemas em nada isto afeta a bem-aventurança da alma. Estas também têm conhecimento de que serão ressuscitadas e aguardam o dia glorioso da ressurreição. Contemplam em Deus as imagens do mundo futuro, após a Ressurreição.
Depois do julgamento final, em que será revelado para todas as almas criadas desde o inicio do mundo, as salvas e as condenadas, o destino de cada alma; o mundo material será restaurado e o mundo atual será destruído. Um novo mundo de matéria sutil, muito superior ao nossa será restabelecido. De modo que todas as almas bem aventuradas terão relações diretas entre si, contemplarão a Deus diretamente e umas as outras também, e exercerão atividade de aperfeiçoamento deste mundo, perceberão a criação dos novos mundos e das cidades espirituais segundo as necessidades de cada alma. O mundo novo será essencialmente diferente do atual e a situação da alma bem diferente de quando esta estava sem o corpo. Teremos um mundo verdadeiramente material, porque o corpo ressuscitado é material. Mas de uma matéria pura. Sem possibilidade de desgaste e eternamente renovável sem a necessidade da corrupção de outra matéria. É que muitas correntes espiritualistas chamam de matéria sutil. E outras denominam de cidades espirituais. Alias, são as próprias almas que, ao perceberam, quando separadas do corpo, a existência futura destas cidades,que revelam por imagens, a alguns vivos a existencia destas, segundo a vontade de Deus. Daí a crença de que o céu é material e um lugar, como foi visto por alguns santos. Eles vêem por meio de uma percepção espiritual da alma, o mundo futuro pós-ressurreição.
A Ressurreição da pessoa se dará apenas no fim dos tempos. Se a pessoa ressuscitasse logo após a morte, não haveria tempo e nem possibilidade de crescimento espiritual. Jesus confirmou que a ressurreição se dará no ultimo dia deste mundo como o conhecemos. E as almas tantos como as pessoas, não sendo eternas só podem existir no tempo. Embora manifestado-se em modos diferente do que conhecemos é sempre tempo. As almas não são Deus e por isto não são eternas. Só para Deus não existe o Tempo. Só Deus é Eterno. Entre a morte e a ressurreição, só as almas racionais estão aguardando a ressurreição futura e contemplam individualmente sua condição em Deus; revivem os fatos de suas vidas na Terra e intuem por vontade Deus a situação das outras almas e daqueles que invocam a sua intercessão e também o mundo futuro após a ressurreição.
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