São Francisco Xavier,
Apóstolo do Oriente e taumaturgo
Apóstolo do Oriente e taumaturgo
Abrasado
pelo amor a Deus, Francisco Xavier inflamou os lugares por ele
evangelizados, com o fogo do amor divino e o brilho de seus milagres.
Plinio Maria Solimeo
Para
Santo Inácio de Loyola não havia dúvida. O Papa, para atender ao Rei
João III de Portugal, estava pedindo-lhe membros de sua recém-fundada
Companhia para evangelizar os domínios portugueses de ultramar. Como
Francisco Xavier era o único de seus discípulos disponível no momento
para acompanhar Simão Rodríguez, teria que ir. No entanto, dos seus
primeiros filhos espirituais, Xavier era o predileto, aquele que
planejara ter consigo como conselheiro e provável sucessor. Mas Inácio
de Loyola havia escolhido como lema de sua milícia Ad Majorem Dei
Gloriam (Tudo para a maior glória de Deus). Se bem que tivesse
sentimentos muito profundos, não era um sentimental. Chamou logo
Francisco. Sempre pronto a obedecer, o futuro Apóstolo das Índias
exclamou: “Pues! Heme aqui!” (Estou pronto! Vamos!).
Essas
palavras tornaram-se proféticas, pois o que esse hidalgo espanhol fez o
resto de sua vida não foi senão inflamar tudo com o ardente fogo de seu
amor de Deus.
Reformando a “Goa dourada, a Roma do Oriente”
Francisco
Xavier tinha 35 anos quando cruzou o oceano para chegar a Goa em 6 de
maio de 1542. Essa cidade, capital das possessões portuguesas no
Oriente, atraíra toda sorte de soldados de fortuna e aventureiros, os
quais, longe de sua pátria, família, parentes e conhecidos, tinham caído
numa vida licenciosa que escandalizava não só seus correligionários,
mas até os pagãos.
Dom João de Castro, um dos
maiores vice-reis das Índias, descreve assim a situação de Goa à sua
chegada: “As cobiças e os vícios têm cobrado tamanha posse e autoridade,
que nenhuma cousa já se pode fazer por feia e torpe, que dos homens
seja estranha”.(2)
Goa, a “dourada” ou a “Roma do Oriente”,
era uma cidade cosmopolita e tinha atraído gente de todas as partes do
mundo. São Francisco Xavier viu a necessidade de criar uma escola de
nível médio para ajudar a evangelização. Menos de um ano depois de sua
chegada, tinha já fundado o Colégio da Santa Fé. Sua finalidade, como
ele explica, era “para que os nativos destas terras e os de diferentes
nações e raças possam ser instruídos na fé. E para que, quando tiverem
sido bem instruídos, sejam enviados às suas pátrias, de modo que ganhem
fruto com o ensinamento que receberam”.(5)
Os “filhos de São Francisco Xavier” Sua
presença era requisitada também em outras partes: “Num reino longe
daqui (Travancore, sudoeste da Índia), Deus moveu muitas pessoas a se
fazerem cristãs. De tal modo que, num só mês, batizei mais de dez mil,
homens, mulheres e crianças”.(6) Nessa nova área ele foi recebido pelo
marajá “com honras, e tratado com gentileza”; o rei deu a ele “permissão
para pregar o Evangelho em todo seu reino, e para batizar aqueles de
seus súditos que quisessem tornar-se cristãos”.(7) Como
escreveu para os membros da Companhia, em Goa “eu tenho estado ocupado
batizando todos os infantes. [...] Os mais velhos deles não me dão paz,
pedindo-me sempre para ensinar-lhes novas orações. Eles não me dão tempo
para rezar meu breviário nem para comer”.(8)
|
Foi nessa Costa da Pescaria que o
“Padre Francisco” realizou muitos dos seus mais espetaculares milagres.
Foram tantos e tão notáveis, que fica difícil a escolha. Uma
vez os ferozes Badagas cruzaram as montanhas, devastando o Travancore. O
marajá, mal preparado para fazer face a esse perigo, apelou a São
Francisco Xavier. O apóstolo juntou-se ao improvisado exército,
colocando-se na primeira fila. Tão logo sua voz pôde ser ouvida do outro
lado, “o Padre Francisco, segurando seu Crucifixo, caminhou para o
inimigo [...] e gritou em alta voz: ‘Em nome de Deus, o terrível, eu vos
ordeno que pareis’”.(10) Os badagas das filas dianteiras,
aterrorizados, pararam e começaram a recuar. A debandada foi total.
“Eu te ordeno, levanta-te dos mortos!”
A
cidade de Quilon, entretanto, não se impressionava com esses milagres, e
as palavras de fogo do apóstolo não penetravam nos corações endurecidos
de seus habitantes. Um dia, quando estava rodeado por uma multidão a
que não era capaz de tocar, o Santo ajoelhou-se e pediu fervorosamente a
Deus que mudasse o coração e a vontade daquele povo obstinado. Depois
de um instante, dirigiu-se ao local onde um jovem havia sido enterrado
na véspera. Pediu que o desenterrassem. “Verifiquem todos se ele está
mesmo morto”, disse à multidão. Alguns, ao abrirem o caixão, recuaram
exclamando: “ele não só está morto, mas cheirando mal”. Xavier então
ajoelhou-se e, com potente voz para que todos ouvissem, disse: “Em nome
de Deus e em testemunho da fé que eu prego, eu te ordeno: levanta-te dos
mortos”. Um tremor sacudiu o cadáver e a vida retornou plenamente a
ele. O número das conversões foi grande, e a fama do milagre acompanhou
Francisco Xavier através das Índias.(11)
|
Qual
era o segredo da eficácia apostólica de São Francisco Xavier? Era uma
heróica observância do maior mandamento de Cristo: “Amarás o Senhor teu
Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo teu
entendimento” (Mt 22, 37). “Tenho tão grande confiança em Deus, cujo
amor somente me move, que, sem hesitar, com o único bafejo do Espírito
Santo, afrontei todas as tempestades do oceano na mais débil barca”.(12)
O segundo apóstolo da Índia recorre ao primeiro
Para
saber se deveria avançar mais para o Oriente em sua evangelização,
Francisco resolve fazer um recolhimento junto ao túmulo de São Tomé, em
Meliapor. O segundo apóstolo da Índia, em contato
com o primeiro, recebeu muitas graças: “Aqui Deus lembrou-se de mim
segundo sua costumeira misericórdia; Ele tem consolado infinitamente
minha alma, e me fez saber que é sua vontade que eu vá para Málaca, e de
lá às outras ilhas da região”.(13) O resto da
história é muito conhecido. Com o mesmo zelo, São Francisco evangelizou
não somente Málaca e as Molucas, mas também muitas outras ilhas
vizinhas, e chegou até o Japão, do qual foi o primeiro e mais importante
apóstolo. Ele morreu só e desconhecido nas costas da China, com os
olhos postos em suas misteriosas terras, cuja antiga e rica civilização
queria conquistar para Cristo.
No processo de
canonização do grande Apóstolo do Oriente, a Santa Sé “reconheceu vinte e
quatro ressurreições juridicamente provadas e oitenta e oito milagres
admiráveis operados em vida pelo ilustre Santo”.(14) Na bula de
canonização são mencionados muitos milagres ocorridos em vida e depois
da morte de São Francisco Xavier. Um deles foi que as lamparinas
colocadas diante da imagem do Santo, em Colate, ardiam muitas vezes
tanto com óleo como com água benta. O último
milagre relacionado a ele foi seu corpo incorrupto por séculos, cujos
restos, mumificados e danificados por homens e elementos, podem ainda
ser vistos em Goa, coroando um dos mais notáveis exemplos do Evangelho
posto em prática.
O novo papa escolheu o nome de Francisco. Todos pensam no santo mais famoso com este nome. O de Assis. Mas como ele é Jesuíta creio que lembrou primeiramente do grande missionário, São Francisco Xavier.
Que no mesmo espírito deste grande missionário, o novo papa leve os pagãos e infiéis à seguirem a vedadeira fé em Cristo, na Santa Igreja, promovendo o unico e verdadeiro ecumenismo. O de conversão e não o do sincretismo. (Comentário de Francisco Castro)
Fonte: Revista Catolicismo
Nenhum comentário:
Postar um comentário