quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A SABEDORIA DOS PEQUENOS



"Meu Senhor tem um livro que nenhum clérigo leu, por mais perfeito que seja no seu clericato." (Santa Joana d´Arc)

         Afirmação com aparência de soberba mas que na verdade indica que Deus se revela aos simples, aos pequenos e aos que o amam e confiam, nele sem precisar de provas e nem mesmo de compreender. Foi com esta simplicidade e de certa forma até mesmo certa ingenuidade que Santa Joana d´Arc enfrentou  tribunal eclesiástico que a julgava formado por bispo e vários teólogos, muitos deles filhos de São Domingos (Dominicanos). Jesus já havia exultando antes quando exclamou no Espírito Santo: “Graças te dou ó Pai, porque escondestes estas cosias aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos”.

         E em que consiste a sabedoria dos pequeninos? Em crer e amar. E o amor se manifesta na obediência. Nisto consistiu a santidade de Joana d´Arc. Crer e amar. Por amar obedecer. "Tudo espero de Deus meu Criador. Eu  amo de todo o meu coração." Neste amor a compensação dos mistérios da fé, nada manifesta de especulativo. É apenas aceitação completa, mesmo que não se possa entender. Na verdade nem mesmo há procura por nenhum entendimento. Há a aceitação pura e despojada do criatura perante a Sabedoria Eterna sempre inacessível de forma plena à  racionalidade humana.

         Santa Joana d´Arc acreditava  (e via) os anjos. Nunca se perguntou por sua essência e como Deus os havia criado. Mas definiu de modo até mesmo, digamos engraçado, o que estes eram diante de Deus. Quando perguntaram se São Miguel aparecia nu para ela, respondeu prontamente: "Pensas que Deus não teria recursos para vesti-lo?" Simples. Os anjos são os servos de um Senhor absoluto. Dependem dele  até para a vestimenta se preciso. De certa forma, estão neste caso abaixo dos homens, que trabalham para confeccionar as vestimentas. Embora Deus os vista também pelo trabalho destes. Nada de procurar defini-los. Estes são para Joana tão reais como os juízes que estavam perante ela. " Eu os vejo com os meus olhos, assim como eu vos vejo"

         A santa que via outras santas. Nada de explicações sobre  o que significa a santidade. Mas a definição completa numa frase. Quando perguntaram se as santas que ela  via odiava os ingleses disse com sinceridade. “Elas amam  oque Deus ama e odeia o que Deus odeia.” Talvez tenha iniciada uma nova discussão teológica ou escandalizado até o mais simples dos catequistas com o esta afirmativa de que Deus odeia. Expressão muitas vezes aplicada a Deus nas Sagradas Escrituras. Deus odeia o mal e os malignos. A luz  expulsa as trevas. Jesus mesmo disse que o mundo o odiava porque ele mostrava que suas obras eram más.  O que mais importa, é saber que este ódio em Deus não é uma emoção como o nosso ódio. Deus não combina com  o erro, o mal, e nem mesmo com o próprio ódio. Neste sentido, para nós, seres emotivos, não há santidade sem o  ódio ao mal no sentido de total recusa a este. Eis a simples definição do que vem a ser santo. Uma pessoa que só é capaz de querer o bem, o justo e  o correto.
          
       Joana se porta diante de Deus como aquela que enviada por Ele, sustentada por Ele. Nunca ninguém dentre os santos foi desfiado a prestar explicações sobre sua fé do que ela. Seu processo durou seis meses. O mais longo da história. Fato raro nas inquéritos da Inquisição. Talvez para que fosse possível testemunhar com suas palavras a sabedoria dos simples a que Jesus se referiu no Evangelho e escandalizar os sábios e entendidos deste mundo que desejam perscrutar os mistérios infinitos de Deus revelado aos simples e puros de coração.



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