Fragmentos do comentário de Dom Henrique Soares da Costa sobre a
questão das estatísticas de questão religiosa, do censo demográfico
(Ex:”Diminuição de católicos”)
“Sinceramente, penso que o número de católicos diminuirá mais e drasticamente. Mas, não devemos nos assustar. Veja e pense:
1. O cristianismo nunca deveria ser uma religião de massa. A fé
cristã deve nascer de um encontro pessoal e envolvente com Cristo Jesus.
Somente aí é que eu posso abraçar o ser cristão com todas as suas
exigências de fee de moral. Nós estamos vendo o fim do cristianismo de
massa, que começou com o Edito de Milão, em 313, e com o batismo de
Clóvis, rei dos francos, e de todo o seu povo, em 496, na Alta Idade
Média. No Brasil, esse cristianismo de massa começou com a colonização e
o sistema do padroado. Aí, ser brasileiro e ser católico eram a mesma
coisa. Ora, será que no cristianismo pode mesmo haver conversão de
massa?
2. A Igreja voltará a ser um pequeno rebanho, presente em todo o
mundo, mas com cristãos de tal modo comprometidos com o Evangelho, de
tal modo empolgados com Cristo, de tal modo formando comunidades de
vida, oração, fé e amor fraterno, que serão um sinal, uma luz, uma opção
de vida para todos os povos da terra. Era isso que os Padres da Igreja
desejavam: não que todos fossem cristãos a qualquer custo, mas que os
cristãos fossem, a qualquer custo, cristãos de verdade, sal da terra e
luz do mundo, entusiasmados por Cristo e por sua Igreja católica.
3. O fato de sermos minoria e mais coerentes com o Evangelho, nos
fará diferentes do mundo e redescobriremos a novidade e singularidade do
ser cristão. Isso nos fará atraentes para aqueles que buscam com
sinceridade a Luz e a Verdade. Por isso mesmo, a Igreja não deve cair em
falsas soluções de um cristianismo frouxo e agradável ao mundo, de uma
moral ao sabor da moda, de um ecumenismo compreendido de modo torto e de
um diálogo interreligioso que coloque Cristo no mesmo nível das outras
tradições religiosas. Ecumenismo e diálogo religioso sim, mas de acordo
com a fé católica! O remédio para a crise atual e o único verdadeiro
futuro da Igreja é a fidelidade total e radical a Cristo, expressa na
adesão total à fé católica.
4. É imprescindível também melhorar e muito a formação dos nossos
padres e religiosos. Como está, está ruim. Precisamos de padres com
modos de padres e religiosos com modos de religiosos; precisamos de
padres e religiosos bem formados humana, afetiva, teológica e
moralmente. O padre e o religioso são pessoas públicas e devem honrar a
imagem da Igreja e o nome de cristãos; devem saber portar-se ante o
mundo, as autoridades e a sociedade. Nisso tem havido grave deficiência
no clero e nos religiosos do Brasil…
É importante perceber que, apesar de diminuir o número de católicos,
nunca as comunidades católicas foram tão vivas, nunca os leigos
participaram tanto, nunca se sentiram tão Igreja, nunca houve tantas
vocações. Muitas vezes, os leigos são até mais fervorosos e radicais (no
bom sentido) que padres e religiosos. A Igreja está viva, a Igreja é
jovem, a Igreja continua encantada por Cristo! O clero e os religiosos
deveriam deixar de lado as ideologias, as teorias pouco cristãs e nada
católicas defendidas em tantos cursos de teologia e livros muito doutos e
pouco fiéis, e serem mais atentos ao clamor do povo de Deus e aos
sinais dos tempos – sinais de verdade, que estão aí para quem quiser
ver, e não os inventados por uma teologia ideologizada de esquerda! Além
disso, é necessário considerar que a Igreja não é nossa: é de Cristo.
Ele a está conduzindo, está purificando-a, está levando-a onde ele sabe
ser o melhor para que seu testemunho seja mais límpido, coerente e puro.
Nós temos os nossos caminhos, Deus tem os dele; temos os nossos planos e
modos que, nem sempre, coincidem com os do Senhor. Pois bem, façamos a
nossa parte. Deus fará o resto!
Isso é o que eu penso, sinceramente, e com todo o meu coração.
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