IV — Realização mística da realeza de Cristo na Igreja
Ciclo do Pentecostes. — A
liturgia desde a Festa de Pentecostes até à Festa de Cristo-Rei, comemora a
realeza de Cristo, na Sua Igreja, pelo Seu Espírito. Por exemplo, as parábolas,
reproduzidas nos Evangelhos dominicais, significam a ação do Espírito no reino
das almas, pela Sua graça. Jesus Cristo, depois da Sua Ascensão ao Céu, envia o
Espírito Santo à Sua Igreja que é o seu reino na terra.Consideremos o dia
soleníssimo do Pentecostes e contemplemos esse fenômeno divino, vibrando
intensamente, clamando admiravelmente, e enchendo inteiramente o fundo da alma.
Repleti sunt omnes.Nunca houve acontecimento sobrenatural que produzisse
efeitos mais extraordinários! Estando os Apóstolos e Maria Santíssima reunidos
no Cenáculo, o Espírito Santo desceu sobre eles. «De repente produziu-se, vindo
do Céu, um ruído, como de um vento impetuoso que encheu toda a casa onde
estavam sentados. Viram aparecer então línguas separadas umas das outras que
eram como fogo e pousavam sobre cada um deles; e todos foram cheios do Espírito
Santo.» (Act. II, 1-4).
— Factus est repente de coelo
sonus, tanquam advenientis spiritus vehementis: de repente produziu-se, vindo
do Céu, um ruído, como que de vento impetuoso.
— Primeiramente o vento! O vento
corre, voa, e, como mensageiro misterioso, lança por toda a parte, espalha ao
longe e ao largo, o pólen e o aroma das flores. Bela imagem da ação do Espírito
Santo que trás nas suas asas robustas, a vida da graça que se faz sentir nas
almas logo que lha comunica.
— Apparuerunt despertitae
linguae.—Viram aparecer então línguas separadas.
Depois a língua! A língua é o
símbolo mais expressivo e mais brilhante da palavra: da palavra que é a límpida
voz do espírito, da palavra que é tão leve como o ar e que leva às mais
longínquas regiões a semente das doutrinas como o vento leva a semente das
plantas. A vida divina foi também manifestada à terra no mais belo dos
emblemas; no sinal frisantíssimo das línguas: viram-se aparecer então línguas
separadas.
— Linguae tanquam ignis. Como
línguas de fogo e pousaram uma sobre cada um deles.
E, por fim, o fogo! Deus noster
ignis consumens est. O nosso Deus, diz São Paulo, é como o fogo. O fogo é o
elemento mais ativo e mais universal da criação. O fogo ilumina, aquece,
depura, aviventa e fecunda! Semelhante é a Sua ação nas almas. Sob os Seus
influxos a alma ilumina-se, o coração inflama-se, a fantasia depura-se, a vida
aperfeiçoa-se e torna-se abundante em frutos preciosíssimos de virtude.
Final
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