III—Função da realeza de Cristo
Jesus Cristo exerce a Sua realeza
de harmonia com a natureza do Seu reino.
O reino de Jesus Cristo tem as
seguintes características:
Reino espiritual. — Jesus Cristo
afirma diante de Pilatos que o Seu reino não é deste mundo. A Sua realeza é
espiritual, visa primeiramente não o bem temporal dos súbditos, mas o bem
espiritual; quer mesmo que o bem temporal, fim imediato das soberanias
terrenas, seja considerado não como fim último, mas como meio intermediário e
útil para alcançar os bens eternos. — A realeza de Cristo é ainda espiritual
porque os meios de que se serve para exercer a sua ação são espirituais ou
espiritualizados.Reino de verdade. — Ele diz falando de Si mesmo: «Eu sou a
verdade; eu não nasci e não vim ao mundo senão para dar testemunho da verdade,
para a fazer triunfar sobre a terra; todo aquele que é da verdade ouve a minha
voz. (Jo. XVIII, 37).
Reino de vida. — Este diz ainda:
«eu vim para que os homens tenham vida e uma vida abundante:» Sofre, agoniza e
morre para que os homens tenham a vida eterna.Reino de santidade — A encarnação
aproximou-O de nós, a Redenção elevou nos até Ele pela santidade que nos
comunicou e que fez de nós membros do seu Corpo místico.Reino de graça. — Pelos
méritos da Sua Paixão e Morte recebemos o Espírito Santo com a abundância dos
Seus dons. «Dessa plenitude todos nós recebemos».
Reino de amor. — A realeza de
Cristo é uma realeza de amor porque o amor é o termo de tudo em Cristo. É para
o amor que tendem todas as leis de Cristo-Rei; é ao amor mais perfeito que
tendem os conselhos evangélicos. E é no Céu, que é o reino de Cristo, onde o
amor atinge a plenitude da perfeição. A realeza de Cristo é uma realeza de amor
porque n’Ele o amor não é somente o termo mas ainda o meio. Jesus Cristo
quis-nos conquistar para Ele pelo amor. Manifesta o Seu amor na Encarnação, na
Sua vida oculta, na Sua vida pública, na Sua doutrina, nos Seus milagres, na
instituição da Eucaristia, na Sua divina misericórdia para com os pecadores, na
Sua Paixão e Morte.
Reino de justiça. — Neste mundo
exerce pouco o Seu poder coercivo. Expulsa os vendilhões do templo, anatematiza
os fariseus, anuncia a ruína de Jerusalém; exercerá sobretudo a Sua justiça no
dia das sanções definitivas. No dia de juízo final anuncia-se como um rei que
julga toda a consciência e toda a vida. (Mat. XXV, 40).
Reino de paz. — O primeiro
elemento da paz é a posse de um bem desejado. Deus promete esta paz aos homens
de boa vontade. A boa vontade é a que é conforme com a vontade de Deus, que é
expressa sobretudo na Sua lei. «Vivem em grande paz aqueles que amam a vossa
lei.»O segundo elemento da paz é a posse tranquila do bem desejado. Deus dá
esta tranquilidade àqueles que lhe são sempre fiéis. «Bem-aventurado o servo
bom e fiel».O terceiro elemento da paz é a posse total do bem desejado. Esta
paz e felicidade reserva-a Deus para aqueles que o amam e amarão por toda a
eternidade. «Quem a Deus tem nada lhe falta, só Deus lhe basta».
«É a paz de Cristo no reino de
Cristo».
Reino universal. — «Foram-lhe
dados, em herança, os povos e em partilha o universo inteiro». — «Todos os reis
da terra o hão-de adorar e todas as nações lhe estarão sujeitas.» Todo o poder
terreno lhe deve, pois, ser submisso e governar segundo os seus princípios
divinos. Toda a neutralidade, que pretende ignorá-lo, desconhecê-lo, é uma
ofensa, todo o laicismo, que pretende combatê-lo, é um crime.Reino eterno. — O
seu reino, dizemos no Credo, não terá fim. «O seu domínio, diz o profeta
Daniel, é um domínio eterno, que não terá fim, o seu reino não acabará jamais.»
No dia da Ascensão tomou posse do seu reino eterno.
«Ao rei imortal dos séculos todo
o louvor e toda a glória».
Constinuação
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