quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

CELIBATO SEM STATUS

Jesus elogiou os que são capazes de se fazer eunucos por amor ao Reino dos Céus. Mt. 19, 11s. Ele mesmo se fez eunuco para se dedicar exclusivamente a anunciar a boa Nova. Ele veio do Pai para fazer a vontade dele e não para constituir uma família. O apostolo São Paulo também indica o celibato como um sinal de dedicação exclusiva ao Senhor. 1cor 7,1ss
Mas o celibato ou a virgindade para as mulheres, não estava vinculado a um cargo na Igreja. Os bispos não era celibatários nos primeiros anos da Igreja. 1Tm. 3,1-5. Ou seja,  o celibato, não era pré-condição para receber o sacramento da ordem ou  o sacerdócio ministerial. Homens casados podiam ser ordenados. 
O celibato tinha valor em si mesmo. Tanto isto é verdadeiro que ele  foi assumido por vários homens e mulheres que não possuíam cargos na Igreja. O celibato surgiu entre os homens, com os eremitas e os monges. Estes se retiravam do mundo para servir apenas ao Senhor tanto no corpo como na alma. Como passar do tempo a Igreja foi escolhendo os seus bispos entre estes monges e eremitas e elogiando aqueles que permaneciam solteiros após a sagração. E isto é norma nas igrejas de rito oriental. O número de celibatários provavelmente deve ter superado o  numero de bispos e padres casados. De modo que a associação entre o sacramento da ordem e celibato se tornou cada vez mais estreito e com o desenvolvimento da Igreja o celibato passou a ser exigido para os homens que aspiravam o episcopado na Igreja do ocidente.. Porem, vale esclarecer que esta lei se tornou obrigatória para toda Igreja apenas no seculo XI. Embora seja justo afirmar que é mais conveniente ao pastor das ovelhas este mesmo testemunhar que renunciou tutdo, inclusive a família por amor ao Reino de Deus.  Mas o celibato clerical não é dogma. É Lei eclesiástica. Pode sim, algum dia, ser amenizada, ou até mesmo abolida e isto não muda em nada o deposito da fé confiada pelos apóstolos à Igreja.

Com a vinculação entre o sacramento da ordem e o  o celibato, este  ganhou status próprio e necessário para o  exercício de um poder, ou se tornou um sinal exclusivo de uma consagração jurídica a Deus, como é o caso dos religiosos  que não são padres. 
Porém, nada impede que o mesmo seja assumido sem vinculo algum ou como um estado de vida  diferente dentro da Igreja. Que  em nada  mude o fato da pessoa continuar a ser um simples leigo. Foi deste modo que Santa Joana d´Arc assumiu a virgindade. Sem reconhecimento jurídico. Uma promessa feita privadamente só  Deus.
"Quando ouvi pela primeira vez a Voz, fiz voto de guardar a virgindade até quando a Deus agradasse" disse ele a seus juízes. Não foi um voto com valor jurídico feito diante da autoridade da Igreja representada pelo bispo como ocorria na ordem das virgens.

Diante do mundo quem não casa e não se torna padre é percebido como suspeito. É o solteirão. Ou a solteirona. Deve ter reprimido seus desejos ou não ter sido suficientemente maduro para assumir  o matrimônio, ou até mesmo pode estar escondendo a homossexualidade. O Celibato sacerdotal confere uma proteção ao celibatário. Afinal,  o padre não casa porque é padre. A freira não casou porque é freira. Mas o solteiro, que permanece solteiro, mesmo que  o faça, para cuidar das coisas do Senhor, para servi-lo de corpo e alma, permanece simplesmente um leigo e livre para casar quando quiser e com quem quiser.Estes poderia ter casado e continuar servindo a Igreja como fazem tantos casais, dirão todos.  Mas o celibatário leigo  deve guardar a castidade da mesmo forma que o padre. Pois sexo só é licito para o cristão dentro do sacramento do matrimonio. Nem entre namorados deve haver intimidade sexual. 
De certa forma a vinculação do celibato com o sacerdócio enfraqueceu este. Pois ele perdeu toda a força que tinha por ele mesmo.  Agora só tem valor se for para ser padre ou religioso. Para exercer um cargo ou assumir um outro estado de vida. Os outros estranham quem o assume por amor do Reino dos céus, sem que com isto ganhe algum status dentro da Igreja. E foi este o celibato ou esta virgindade que Santa Joana d´Arc viveu. Fora dos conventos. No mundo. Voltada para a missão que Deus lhe confiou. A sua virgindade indica de forma  mais concreta o que São Paulo escreveu da mulher virgem e do homem solteiro."Quem não é casado  cuida das coisas do Senhor e procura agradar ao Senhor, mas quem é casado cuida das coisas do mundo e  procura agradar a mulher- e está dividido. A mulher não casada  e a virgem cuidam das coisas do Senhor  e procuram ser santa  de corpo e alma." 1Cor 7, 32-34 O homem e a mulher celibatários, que o fazem por amor ao Reino dos céus, ambos  estão livres para servirem ao Senhor tanto no corpo como na alma. E importa que Só Deus saiba desta escolha  de amor que  estes fizeram. Celibato por amor exclusivo ao Reino dos céus. Nada mais que isto.

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