O concilio Vaticano I (1869-1870) declarou a infabilidade do Bispo de Roma.
"O uso da infalibilidade é restrito somente às questões e verdades relativas à fé e à moral (costumes), que são divinamente reveladas ou que estão em íntima conexão com a Revelação divina. Uma vez proclamadas e definidas solenemente, estas matérias de fé e de moral transformam-se em dogmas, ou seja, em verdades imutáveis e infalíveis que qualquer católico deve aderir, aceitar e acreditar de uma maneira irrevogável.[2] Logo, a consequência da infalibilidade é que a definição ex catedra dos Papas não pode ser revogada e é por si mesma irreformável. As declarações de um Papa em ex cathedra não devem ser confundidas com ensinamentos que são falíveis, como uma bula.
A infalibilidade papal foi longamente discutida e ensinada como
doutrina católica, tendo sido declarada um dogma na Constituição
Dogmática Pastor Aeternus, sobre o primado e infalibilidade do Papa, promulgada pelo Concílio Vaticano I. A Constituição foi promulgada na Quarta Sessão do Concílio, em 18 de julho de 1870, pelo Papa Pio IX."
Mas especificou alguns critérios em que esta infabilidade acontece conforme explicitou o texto acima. Só quando o papa declara para toda a Igreja, de forma solene e com a intenção de determinar, que é
verdade revelada por Deus uma doutrina antes já aceita por todos os fiéis. Foi a esta infabilidade a que se referiu o Vaticano I. O papa não
pode por graça de Deus, levar todas os católicos, a acreditarem no erro. Por isto, a
infabilidade do papa está ligada a definições dogmáticas solenes. Exemplo de definições dogmáticas temos a declaração do dogma da Assunção da Virgem e a sua Imaculada Conceição; A Ressurreição de Cristo não foi declarada como dogma porque esta é narrada
em todos os Evangelhos; na verdade, sobre a
Ressurreição de Cristo, foi que se fundamentou a Igreja, porque os apóstolos
anunciavam Jesus ressuscitado. Nunca se necessitaria de uma declaração solene
sobre este fato. Ele é o fundamento do próprio Cristianismo. Comparação melhor,
entre o magistério ordinário e extraordinário, seria afirmar, que quando o papa diz numa homilia ou
num documento, que Deus pode se
servir de religiões falsas e seitas para salvar as pessoas, se esta declaração é infalível, mudando apenas
a modalidade. Por certo que não, porque Deus jamais usaria o erro para salvar as pessoas. Não é a mesma coisa se o mesmo o dissesse solenemente
declarando-o como um dogma, como o fez em relação aos dois dogmas marianos: A
Imaculada Conceição de Maria e sua Assunção ao céu. Por isto é preciso prudência
para discernir o que tem amplitude Católica ( Para todos, em todos os lugares, em todas as épocas) do que tem um alcance apenas
temporal ou circunstancial.
O Papa Bonifácio VIII na bula Unam Sanctam afirmou:" Por isso
declaramos, dizemos e definimos e pronunciamos
que é absolutamente necessário à salvação de toda criatura estar sujeita
ao romano pontífice" Mas esta declaração não foi dogmática, solene,
ex-cátedra. Foi uma bula papal naquela situação, fruto mais do zelo do poder espiritual
sobre o temporal, do papa da época e sua
luta como Felipe da França. Não há anátema como em outras definições dogmáticas
para os que se recusarem a aceitar tal definição. Não estamos obrigados a
acatá-la, embora por certo, quem se opor com soberba e desobedecer ao papa espalhando
erros, como fez Lutero, coloca-se em
grande risco de perdição eterna. Mas aqueles que com reta intenção, não
entendem, ou não podem admitir a forma como assumiu o primado do Bispo de Roma,
estes podem sim, salvar-se pela misericórdia de Deus, em virtude do amor destes à
verdade, que para eles não há como ver
na Igreja tal como se lhes apresenta. É o caso dos cristãos orientais
cismáticos e de muitos protestantes que de boa fé, seguem suas comunidades
cristãs. Deus não se serve destas seitas para salvar. Deus acolhe os que de boa
vontade buscam a salvação nestas seitas. A Igreja explica esta situação como ignorância invencível, cujas as causas podem ser o desconhecimento mesmo, ou impossibilidade psicológica de compreensão da verdade tal como se lhes apresenta. Crendo de boa fé que estão defendendo a verdade e agindo conforme suas consciências de certa forma são membros da Igreja porque pertencem à sua alma.São as ovelhas do outro rebanho que Jesus quer trazer para si. Daí a necessidade da ação missionária entre pagãos e cristãos de outras seitas. E isto não é proselitismo. É obrigação nossa anunciar a Igreja de Cristo. Porém, se estes descobrirem o erro e
persistirem nele poderão perder a salvação.
Hoje,nem mesmo os bispos, aceitam hoje, que a obediência absoluta ao papa em
tudo o que este faz ou diz, seja necessária à salvação; porque enquanto bispo e
ser humano, o mesmo em certa homilia, pode sim, ensinar alguns erros, que não
comprometem a depósito da fé. Só não poderá torna-los dogmas. É neste aspecto
que o Espírito Santo protege o papa de levar toda a Igreja ao erro.
Cascavel, CE 2 de julho
de 2012.
Prof. Francisco Silva
de Castro
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