sábado, 22 de setembro de 2012

OBRIGAÇÕES MÍNIMAS DE TODO CATÓLICO

by on 17:05



-Participar com reta intenção da Santa Missa todos os domingos e dias Santos.

-Confessar-se sempre que tiver consciência de pecado mortal, ou pelo menos uma vez ao ano, na época da Páscoa.

-Comungar o Corpo e Sangue de Cristo ou procurar confessar-se para não deixar de comungar.

-Fazer suas orações pela manhã e a noite agradecendo, pedindo perdão pelas faltas do dia e a proteção a de Deus.

-Praticar as boas de misericórdia materiais e espirituais.

-Ler e meditar as Sagradas Escrituras, principalmente o Evangelho da Missa do dia.

-Conhecer a doutrina da Igreja para ama-la segui-la e defende-la.


terça-feira, 18 de setembro de 2012

SÃO PAULO A LEI E O PECADO

by on 09:29





"Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Contudo, eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás.
 Mas o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento operou em mim toda espécie de concupiscência; porquanto onde não há lei está morto o pecado." Rm 7, 7-8

        O mandamento da Lei,  em si mesmo bom, não nos dá a força para obedece-lo. Ao contrário a Lei nos dá o conhecimento do que não devemos fazer e o pecado nos induz a desobedece-la. Mas o mandamento em si mesmo é bom e necessário. Não devemos afirmar que Jesus já fez tudo por mim. E que não importa as boas obras. E que necessariamente, o fato de que acreditar  me fará obedecer em tudo a lei de Deus. Não!  Temos em nós a tendência para nos inclinar sempre para o pecado, para a desobediência; porem Jesus disse que aquele que a faz a vontade do Pai é o que o ama. Devemos então obedecer a Deus. Preferimos um falso bem ao bem verdadeiro. Então não podemos cumprir os mandamentos? Sim. Não por nós mesmos. Pois  a Lei não tem a força para que sejamos capazes de  cumprir os mandamentos. E no entanto é necessário que  o cumpramos, pois aquele sabe  o bem que deve fazer e não faz este peca. E quem peca não se salva. O que fazer então? Se não temos pelo mandamento mas não a força para obedece-lo? Muitos pensam que quando São Paulo está se referindo apenas aos preceitos religiosos da Lei de Moisés, como a circuncisão e os holocaustos. Mas vimos pelo trecho acima da carta aos Romanos, que o Apóstolo Paulo inclui na lei também os mandamentos morais como a cobiça. Estaria São Paulo afirmando que cumprir os mandamentos não é necessário à salvação? Claro que não, pois o mesmo apóstolo disse: O juízo de Deus virá tanto para aquele que faz mal como o bem  e que  Deus julgará a cada pessoa segundo as suas obras. Teria São Paulo  a compreensão, que a fé por si mesma, produz as boas obras? Também não. Por que embora sejamos capazes de aceitar pela inteligência uma verdade anunciada, como a que nos diz que Deus julgará a todos, podemos agir em desacordado com esta verdade vivendo como se não fôssemos julgados por Deus. Temos a fé, mas esta é morta em si mesmo. Saber que se deve amar o próximo não significa na pratica que eu o amarei. Então o que podemos fazer? Para cumprir os mandamentos só há uma coisa a fazer. Pedir ao Espírito Santo que nos faça capazes de cumpri-lo. Entregar a Jesus nossa vontade para que ele nos torne capazes de obedece-lo. Para que em nós, tenhamos a força para fazer o bem e rejeitar o mal. Sim, Consagrar a Jesus as faculdades de nossa alma: A inteligência e a vontade e pedir que ele aja em nós. Não confiar em nós mesmos. Não acreditar que apenas por nossa própria vontade somos capazes e cumprir a Lei. De forma alguma; porque somos inclinados ao mal pelo Pecado. Pois não fazemos o bem que queremos, mal o mal que não querermos, mesmo quando ciente de que não o  devemos fazer. Quando entregamos a Jesus a nossa vontade no firme desejo de obedece-lo, o Espírito Santo virá em auxilio da nossa fraqueza e  os mandamentos se tornam o jugo suave e o peso leve  que Jesus falou  no Evangelho  porque é ele  quem age em nós. 

        Quando entregamos ao Senhor toda a nossa vontade, quando suplicamos ao Espírito Santo que nos faça cumprir a Lei de Deus, então fazer o bem, fluirá naturalmente; receberemos força para resistir ao mal. E ao mesmo tempo nos livraremos da presunção de nos salvarmos sem dar nenhuma importância aos mandamentos da Lei de Deus, pois os mesmos são necessários. E também nos libertaremos do pensamento de que por nós mesmos somos capazes de fazer o bem   e que nos salvamos do Pecado por nós mesmos. Como se o mandamento nos desse ele mesmo, a força para pratica-lo.   Além de nos confortar quando cairmos após desejar tanto fazer o bem e não conseguir. Sabemos Deus nos recompensa pelo bem que fazemos, embora seja Ele mesmo que nos faz praticar o Bem. E ao mesmo tempo temos a força do Alto que vencerá em nós a concupiscência da sentidos e nos libertará do  desejo de desobedecer ao invés de obedecer.
         Eis o segredo que São Paulo nos revelou. A lei ou mandamento não tem o poder de fazer com que o cumpramos, porque somos marcados pelo Pecado. Para fazê-lo temos que nos  entregar a Jesus pedindo a Ele o Espírito Santo,  para nos fazer cumprir os mandamentos da Lei de Deus e agir conforme a vontade de Deus. Entreguemos a Jesus a maior riqueza que possuímos. A nossa vontade. Afirmemos diante dele a vontade sincera de obedece-lo e Ele nos dará Espírito Santo, que nos fará cumprir todos os mandamentos da Lei de Deus. e assim participar da glória da Vida Eterna.

sábado, 15 de setembro de 2012

EM QUE CREEM OS CATÓLICOS?

by on 16:08




1.      Que  há um só Deus:  Pai, Filho, Espírito Santo,  Criador do céu e da Terra.

2.      Que há um só Senhor, Jesus Cristo, concebido pelo Espírito Santo e nascido da Bendita  e Bem-Aventurada Virgem Maria, mãe do nosso Deus e Senhor Jesus Cristo (At 1,14; Tito 2, 13)a sempre Cheia da Graça de Deus  (Lucas 1, 28. 41-45) ).  Virgem e  Mãe para sempre (Jo 19,27-28) e nossa intercessora junto ao Cristo, seu filho. (Jo 2,3)

3.      Que As Sagradas Escrituras (Bíblia) São a Palavra de Deus escrita para nós e junto a Sagrada Tradição Apostólica é a  fonte   de  doutrina  em questões doutrinais, morais e litúrgicas. Que nenhuma pessoa individual é dada autoridade para interpretar o sentido real das Sagradas Escrituras, porque Jesus  disse aos doze: “Quem vos ouve a mim ouve e quem vos rejeita a mim rejeita”; (Lucas 10,16; Mt 28, 16-20)) e o Espírito Santo se serviu dos apóstolos e discípulos de Jesus para que os mesmos anunciassem o sentido de todas as partes da Bíblia.(Atos 8,26-35). Há na Bíblia partes difíceis que muitos distorcem para sua própria perdição (2 Pedro  3, 15-16) Portanto só os  legítimos sucessores dos apóstolos podem nos dar o verdadeiro sentido de todas as partes das Sagradas Escrituras. (Atos 15,22-33; Ef 3, 8-10);)

4.      Que Nosso Jesus Cristo, quis, Instituiu, e deixou desde sua Ascensão aos Céus, uma só Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, confiando a Pedro e a seus sucessores o dever de apascentar as ovelhas e os cordeiros. (Jo 21, 15-18; M T 16, 18; MT 18,17))  Pois há uma só fé um só Batismo e um só Senhor. (Ef. 4,5)

Itens elaborados pelo Professor Francisco Silva de Castro
Católico pela graça de Deus.
Cascavel, 13 de Agosto de 2012.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O CATOLICISMO E A HISTÓRIA

by on 16:14
Veio a heresia ariana no século IV e A IGREJA CATÓLICA continuou o seu caminho.
Veio a heresia Nestoriana e Monofisita, mas a IGREJA CATÓLICA continuou o seu caminho.
Veio o cisma grego no ano de 1054, mas a IGREJA CATÓLICA  continuou o seu caminho.
Veio a heresia dos cátaros, dos Valdeses e Hussitas, no século XIII e XV ,mas a Igreja Católica seguiu o seu caminho
Veio o cisma do Ocidente, mas A IGREJA CATÓLICA  continuou o seu caminho.
Veio a Heresia Luterena e Calvinista, mas a Igreja Católica Continuou o seu caminho.
Veio o Liberalismo e o modernismo no século XX e a Igreja Católica continuou o seu caminho.

Reflitam todos os  que afirmam que a Igreja Católica é uma falsa Igreja.
Que o catolicismo é o Cristianismo adulterado misturado como o paganismo romano antigo.

Que a Igreja Católica é a síntese das falsas religiões de todos os tempos.
E respondam: Poderia Jesus, a quem foi dado todo o poder no Céu e na Terra,  permitir, que a única Igreja que se espalhou pelo toda a Terra, que sempre conservou o maior numero de seguidores e que mais enfretou perseguições externas e internas, fosse uma Falsa Igreja?

De certo que não . Pois embora saibamos que nos últimos dias virá a Apostasia, no entanto Jesus nos ensina que a mesma  será breve, em vista dos leitos, a fim de que estes não sigam os mausE se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias(Mateus 24,22) Toda apostasia pode fazer e faz um grande estrago. Conquista, em sua época, o maior numero de pessoas. Porém tem duração breve.Como uma Tsunami é destruidora mas demora pouco tempo, porque se demorasse 2000 anos, destruiria toda vida na Terra. Assim também, Cristo jamais permitiria, que uma falsa Igreja, dominasse durante tanto tempo, sobre todas as nações, com o maior numero de seguidores.  E estamos referindo-se apenas aos católicos fieis e  ainda assim fosse uma falsa igreja. 
Como Santa Joana d´Arc digamos: EU CREIO NA IGREJA AQUI DA TERRA.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Lutero e a doutrina do livre-arbitrio‏

by on 11:23
A Igreja Católica defende a doutrina que Deus nos deu livre-arbítrio,e é o que nos torna responsáveis por nossos atos.É também o que permite que sejamos premiados ou castigados,porque um ser sem liberdade não é responsável,e não pode ser premiado,nem castigado.
Lutero negou o livre-arbítrio,a tal ponto,que escreveu um livro intitulado “o Servo arbítrio .“
Sobre o livre-arbitrio:
“Nenhum dos meus livros,é tão bem fundado como  meu servo arbítrio “
“Se Deus está em nós ,o diabo não está ,e não podemos querer senão o bem;se Deus não está,o diabo está e nós não podemos querer senão o mal”.
“Sem esta doutrina(de uma vontade humana escravizada)julgaria dever sempre atormentar-me na incerteza,minha consciência não se sentiria nunca em repouso;oferecesseem-me a liberdade de meu querer  e eu não aceitaria”
“Deus é,obrigatoriamente,um Deus  sob cuja decisão tudo se realiza.Os próprios pagãos não atribuíam a Júpiter uma vontade suprema que chamam Fatum(o destino)?Não reconheceram que nenhuma vontade humana pode se subtrair-se a  esse jugo eterno?O poder supremo de Deus ,somando a sua presciência eterna,fazem desaparecer obrigatoriamente uma razão agindo sobre nós “(De servo arbítrio,1525)
“Sua vontade era dirigida por Deus;Deus o movia com poder supremo”(sobre a traição de Judas)
Sobre as boas obras:
As obras de Deus vem do alto,são de caráter exclusivamente celeste e nos encaminham para as felicidades eternas;as obras humanas são e se conservam exclusivamente terrestres ,nada influem na nossa salvação depois da morte”
  Sobre a predestinação:
“Se o Senhor ,lemos no Evangelho segundo Marcos,não tivesse abreviados os seus dias,nenhum homem teria sido salvo,mas ele  abreviou os seus dias por causa dos eleitos que escolheu”(Mc Xll,20)
“Quando penso na predestinação,tomo Deus por um malfeitor e um carcereiro”(Propos de table,n.1 820)
“A idéia da predestinação,quando nos vem atormentar é como um fogo inextinguível,quanto mais se vira e revira,mais nos desespera .”
Como se explica que esse homem,de alto grande valor de seu tempo,possa ter sido enrodilhado nessa confusão ,nesse tumulto de concepções  e de teorias a um tempo nefastas,ridículas,hediondas e contraditórias? Pior ainda!!! Ainda se encontra elogio feito a Lutero,não por um ferrenho luterano,ou por um protestante de qualquer seita,mas.. pasmem!..por um sacerdote!!!
Consultor e influente personagem do Concílio Vaticano ll:o Pe.Yves Congar!
Eis o que disse de Lutero,o Pe. Congar:
“Lutero é um dos maiores gênios religiosos de toda a história.Eu o coloco,sob este aspecto,no mesmo nível de Sto. Agostinho,de S.Tomás de Aquino ou de Pascal.De certa forma,ele é ainda maior (Pe. Y.Congar)
(LE Monde,29-3-75,apud Lex Orandi:La Nouvelle  Messe et La foi –Daniel Raffard de Brienne 1983)   
 Se Lutero é realmente “superior” em genialidade religiosa a Sto.Agostinho e a S.Tomás, a quem o pe.Congar afirma,sendo sua doutrina tão oposta  à doutrina destes dois santos, ,queria expor a doutrina do livre-arbitrio e a liberdade cristã.
 Que o homem é livre,é uma afirmação tão antiga quanto o próprio pensamento cristão.A insistência com a qual os Padres da Igreja ressaltam a importância dessa idéia deve no entanto reter inicialmente nossa atenção ,assim como a natureza muito especial dos termos com que eles o fizeram.
Ao criar o homem,Deus lhe prescreveu algumas leis,mas deixou-o senhor para prescrever a sua,no sentido de que a lei divina não exerce nenhum constrangimento sobre a vontade do homem.Deus criou o homem dotado de uma alma racional e de uma vontade ,isto é, com o poder de escolher análogo aos dos anjos,já que os homens,como os anjos ,são seres dotados de razão.Fica estabelecido portanto,desde esse momento,que a liberdade é uma ausência absoluta de constrangimento,inclusive em relação a lei divina;que ela pertence ao homem pelo fato  de ser ele racional e se exprimir pelo poder de escolha que sua vontade possui:liberdade, razão,poder de eleição.
Para salientar ,o que importa é querer ser livre;Santo Agostinho vê portanto uma atestação do livre-arbítrio  em todos os textos das Escrituras –e é sabido que são inúmeros –nos quais Deus nos prescreve ou nos proíbe fazer e querer estas ou aquelas ações.Aliás,isso não e´apenas na verdade religiosa,uma peça indispensável da economia da salvação ,é também uma evidência que a experiência interior atesta a cada instante.A vontade é “dona de si mesma”,está sempre “em seu poder”querer ou não querer ,nada está “mais imediatamente à disposição da vontade do que ela mesma”:são fórmulas  que atestam a inseparabilidade natural do querer e do seu ato.É por nascer dela e exprimi-la que o ato da vontade é sempre livre.
Essa primeira liberdade  é essencial.É o que os filósofos cristãos exprimem positivamente,identificando o livre-arbítrio com a vontade,ou melhor,com o ato de escolher que a vontade exerce;porque  quando ela escolhe,ela quer;se ela quer ,é ela que quer,mas também poderia não querer.Na filosofia  de Aristóteles, é verdadeiro dizer que a escolha é essencialmente voluntária,mas ela própria indica,que,se a deliberação racional não precedesse a decisão do querer,esse ato não seria uma escolha verdadeira.Privada  do conhecimento intelectual que a esclarece,a vontade se degradaria ao nível de um apetite animal.
É o que São Tomás ,fiel a uma das exigências profundas do aristotelismo ,sustenta que a escolha é essencialmente um ato de querer ,que o livre-arbítrio depende diretamente da vontade,ou melhor,que ele é a própria vontade.Deste modo,não se pode descrever completamente a livre escolha sem a decisão voluntária que sanciona o juízo da razão,nem sem esse juízo que a vontade sanciona.
É preciso discenir antes  que o livre-arbítrio é um poder físico,logo inamissível,que não se perde,ao passo que a liberdade de fazer o bem se perdeu(Rm Vll,18) . Com a graça  se afeta profundamente o livre-arbítrio.Ela modifica o seu estado,na medida que o confirma e o cura.O próprio livre-arbítrio pela graça ,se torna potência e conquista sua liberdade.
Assim,convidamos dar ênfase  à raiz do livre-arbítrio,que é a espontaneidade do querer,a liberdade que  reside na vontade.Foi neste ponto preciso que a doutrina cristã da liberdade do querer pela  graça penetrou na análise do livre-arbítrio para modificar  profundamente sua estrutura ;colocando a questão num terreno religioso,os Reformadores  protestantes não podiam deixar de se interessar pelo poder do livre-arbítrio e,como o livre-arbítrio não pode nada sem graça,não lhes restava outro recurso senão negá-lo.O De servo arbítrio de Lutero é a expressão mais completa dessa atitude:um querer que perdeu todo o seu poder ,perdeu toda a sua liberdade.
Embora o poder do livre-arbítrio reclamava seus direitos,nenhum filósofo cristão podia conceder a Lutero que toda a questão se resumisse a isso.É por isso que, sem nunca  sacrificar a raiz da livre-arbítrio,chamemos a atenção para a natureza da causa desta,que a razão.O tomismo afirma que longe de destruir o livre-arbítrio,a infalibilidade do juízo exalta a sua liberdade.Tomemos como exemplo o caso dos Anjos.Vendo Deus face a face,não apenas eles não podem querer,como não podem nem mesmo se enganar sobre as escolhas dos meios a utilizar para louvar a Deus e a servi-lo.Ora,longe de prejudicar o livre-arbítrio,a infalibilidade das suas escolhas atesta a perfeição deste.Assim,ele é mais perfeito nos Anjos ,que não podem pecar,do que em nós,que podemos pecar.Assim eles são mais perfeito em sua causa ,que é a própria inteligência ,porque onde há inteligência há livre-arbítrio ,e quanto mais há inteligência ,mais há liberdade.
Notemos que todas as morais cristãs da Idade Média,como os Padres da Igreja ,em que se inspiraram,repousam na afirmação de um livre-arbítrio indestrutível como seu fundamento necessário.Toda essa filosofia dá ênfase à importância do poder e do lugar que ele ocupa na definição do ato livre. Pelo fato de ser cristã,se compreende a  espontaneidade de um querer cuja liberdade é feita pela eficácia para a verdade e para o bem.

Ednardo Cordeiro

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O CATAROS E A INQUISIÇÃO

by on 15:57



Entre todas as heresias medievais,destacou-se uma,que passou a ser tida como a que heresia por excelência:o Catarismo.Cátaro e herege passaram a ser sinônimos.O Catarismo teve tal expansão que ameaçou o domínio da Igreja Católica na Europa.Os cátaros dominaram todo o Languedoc,a Provença,e tiveram muita influência no nordeste da Espanha,na Lombardia e no centro da Itália,na atual Yusgolavia e nos Bálcãs.Temporariamente vencidos pela Cruzadas de Simão Monfort  e de Luis Vll,combatidos pela Inquisição ,os cátaros procuraram ocultar-se para sobreviver.Difundiram suas idéias ,de modo velado,através de obras poéticas. Sob este ponto de vista,a história do catarismo  apresenta-se como uma longa luta de morte entre duas civilizações:a do norte e a do sul da França.Conforme Belperron,a máxima militar do norte era:”nenhuma terra sem senhor”;e no Midi é conservada a fórmula jurídica ,”nenhum senhor sem título “.Assim mostra o caráter diversificado do feudalismo militar do norte,e o jurídico ,sob a influência romana ,do Midi.No norte ,o homagium teve caráter religioso sacro,fundada sob os laços do feudalismo,enquanto era diminuído ou quase inexistente no Midi,já que a Igreja se encontrava d ebilitada pela heresia que proscrevia o juramento.
  
No Languedoc onde o catarismo se propagou ,no século Xlll,por todas as classes de sociedade  e encontrou defensores tanto nos castelos como nas choupanas.Os grandes senhores –a despeito da ligação exterior que mostravam em relação a Igreja Católica –eram  ainda mais  anticlericais ,mas por enquanto outras razões.O catarismo constituia,para eles,pretexto para ultrapassar o domínio de Roma.Gostavam de repudiar as mulheres quando assim os desejava;entrar em guerra qua ndo lhes apetecia,sem respeitar a" trégua de Deus";os judeus eram em toda a parte admitidos ,frequentementes em altas funções públicas.A opulência da Igreja Romana também favorecia a expansão da heresia cátara.Foi entre os cavaleiros  pobres,mercadores e artesões  que a heresia se tornou mais popular.
 Outro fator importante para o crescimento da seita não era a miséria,mas sim o desenvolvimento econômico  rapidamente crescente ,que produz uma destruturação da sociedade tradicional.É explicável o movimento herético como um subproduto das mudanças culturais,sociais e econômicas dos séculos Xl e Xll.Assim, a ordem dos comerciantes começava a opor-se à dos guerreiros,como o dinheiro a honra.A liberdade do “serviço livre “,sob o impulso catarista  do que  em vi rtude de um direito transmitido por direito de nascimento. Em 1250,Raynier  Sacconi conta doze igrejas ou bispados na França,na Occitania e na Itália:em França,a Igreja de França;na Itália ,a Igreja dos Albanenses,a Igreja de Concorezzo,as de Bagnolo,de Vicence,de Florença,do Val de Spoléte;na Occitania,as igrejas de Toulose,de Albi,de Carcassone.É preciso agregar as de Agen e de Razés ,cuja existência é revelada pelos dossiês interrogatórios da Coleção Doat.

 Os cátaros dividiam-se em Perfeitos e Crentes:só os Perfeitos,que recebiam o consolamentum(sacramento que uma pessoa se tornava um perfeito),faziam parte da Igreja Cátara ;os Crentes,como os catecúmenos da igreja primitiva ,estavam excluídos e não possuíam existência religiosa ,salvo se recebessem o consolamentum.Na presença de um Perfeito,deveria adorá-lo,ou fazer o seu melioramentum.Este rito consistia prostar-se diante do Perfeito,inclinar-se três vezes e solicitar por uma fór mula tradicional a sua benção .Nas crianças era negado o sacramento,pois não tinham o juízo da razão. [...]Todas as crianças estão condenadas sem esperança e serão punidas na outra vida como assaltantes e assassinos ,devido a sua maldade congênita .Apenas o consolamentum pode salvar os homens.BORST Arno. Les Cathares.

 Os Crentes não tinham as obrigações religiosas dos Perfeitos e comparados a estes possuíam,pelo contrário,uma liberdade ímpar. Eles não eram responsáveis pelos seus atos e que deviam esperar,para o poderem ser,várias reencarnações.Assim,beneficiavam de uma  grande indulgência.Quando pecavam,era o diabo que pecava dentro deles.Não eram obrigados a viverem de maneira ascética ou mística:quando se casavam,eram avisados de que a sua alma corria perigo  e de poderiam ser reencarnados ainda muitas vezes.Para  os Perfeitos a castidade era uma obrigação absoluta .Praticavam o jejum e a abstinência de carne.A mulher era um  perigo permanente,e se fosse tocada,mesmo involuntariamente,expunha o Perfeito a três dias de jejum.O casamento era considerado um estado satânico porque se regularizava  no crime da carne e tinha como consequência natural a procriação.
A concubina era mais aceita do que a mulher casada,fato que levou as cátaros a acusação de terem hábitos promíscuos. [...]Os cátaros privavam-se[de comer carne]por causa de sua doutrina de metempsicose.A carne é suscetível de comer um fragmento da alma ligado a terra,que que então aí estaria mais ligada    ainda   pelo metabolismo.Parecia,aliás,aos católicos que os cátaros se preocupavam pouco demais com a castidade como disciplina corporal.Desde que elas não acarretassem a concepção de filhos,eles pareciam encorajar positivamente as relações sexuais ou,ao menos,não as contrariavam em nada,o que era o completo oposto da ideia católica.Em consequência,suspeitava-se que eles praticavam orgias contra a natureza,sob todas as formas imagináveis.Essas reprovações não eram totalmente injustificadas ,pois os próprios cátaros reconheciam francamente preferir a devassidão ao casamento,visto que o casamento era u m negócio bem mais sério,regulamentando oficialmente uma coisa má em si.RUCIMAN,Steve .Le manicheisme medieval

 Os Perfeitos passaram a ser a alma da seita cátara,consagrando integralmente o seu tempo a um intenso apostolado.Eles percorriam cidades e os campos ,pregando com a palavra e o exemplo.A finalidade dos Perfeitos era,por um lado,engrossar as fileiras de seus adeptos e,por outro,arrebatar seguidores da Igreja de Satã ,a Igreja Católica.Daí arremeteram com violência contra os sacramentos,as igrejas,a cruz e os cemitérios,contra o culto,as relíquias,enfim,contra o clero
Censuravam os poderes públicos e o direito de julgar e ordenar; não prestavam qualquer juramento ,base das relações humanas  da cristandade medieval,pois afirmavam que a autoridade descrita no Velho Testamento era obra do Deus -Mal e fora abolido por Cristo.
E´claro que tais doutrinas viam a vida com maus olhos e não só a vida,mas também a própria existência era tida como coisa má.Estava,então ,na lógica de seu sistema admitir o suicídio.A” endura” consistia geralmente  em se deixar morrer de inanição ou,mais raramente de frio.Prática muita divulgada no fim do século Xlll e sobretudo no condado de Foix,sob a influência do pastor Pedro Autier.
 A reação popular contra os crimes do catarismo foi violenta.O povo,não contaminado por esses erros,ao saber de algum crime causado por essa doutrina,massacrava os assassinos de mulheres grávidas e os que tinham provocados tais crimes.

Para coibir esses linchamentos,e para que houvesse um julgamento correto,é que a Igreja instituiu a Inquisição. Caso os cátaros tivessem dominado o mundo,nós,hoje,não existiríamos.Eles teriam extinguido a humanidade.Isso  tão evidente, que até protestante Henry Charles Lea, referindo-se aos cátaros, foi obrigado a afirmar: “Essa era a crença cuja rápida difusão através do midi da Europa encheu a Igreja de um terror plenamente justificado.Por mais horror que nos possam inspirar os meios empregados para combatê-la,por mais piedade que devamos sentir por aqueles que morreram vitimas de suas convicções ,reconhecemos sem hesitar que ,nas circunstâncias,a causa da ortodoxia era a da civilazação e do progresso.Se o catarismo se houvesse tornado dominante,ou pelo menos igual ao catolicismo,não há Dúvida de que sua influência teria sido desastrosa”(H.C.Lea.Histoire de I´Inquisition au Moyen-age.vol.I.Paris,1986-1988,P.121 apud J.B.Gonzaga.op.cit.p.111)
Na verdade,a base da doutrina cátara encerra o eterno mistério da coexistência e da relação entre o perfeito e o imperfeito,o absoluto e o transitório,o eterno e o temporal,o bem e o mal,o espírito e a matéria.Eles eram maniqueístas  e gnósticos .Consideravam que o  Mal tinha existência ontológica.É isto os que tornavam maniqueus.Apesar disso,consideravam ser  os verdadeiros e bons cristãos.
  
Para eles,a matéria teria sido criado pelo Deus do mal,para aprisionar o espírito do bom Deus.Portanto,todo o universo material seria maligno,e o Criador do mundo-que nos adoramos-seria o Deus do mal.O Deus-Bem,compadecido de seus anjos encadeados na terra pelo Deus-Mal,decidiu salvá-los e recuperá-los.Dentre os anjos,enviou um voluntário como emissário,que se tornou o Filho de Deus.O corpo mortal de Jesus Cristo foi apenas uma aparência,visto que uma emanação do Deus-Bem não pode ter contato com a matéria,obra impura do Deus –Mal. As consequências dessa teoria são evidentes,estando em primeiro plano a rejeição do Velho Testamento,obra de Jeová,Deus-Mal. O homem não foi criado à imagem de Deus,mas pelo Demônio .O  encargo de Cristo foi uma simples missão num mundo satânico,sendo negadas a encarnação,a paixão e a ressurreição..Daí o ódio dos cátaros pela cruz e pelo sinal da cruz que se relacionam aos sofrimentos de Cristo e o ligam à matéria impura.

 A mensagem levada por Cristo aos anjos decaídos,nos quais a alma divina se encontrava presa no corpo satânico dos homens,estava contida no Evangelho de São João,”E sem Ele nada foi feito”que recebia atenção na palavra nihilum(substantivo),o nada,uma”coisa”que não se encontra situada no mesmo nível ôntico que as essências criadas pelo verdadeiro Deus. Para os cátaros ,este “nada” significava o conjunto das coisas e dos espíritos maus. De acordo com a doutrina cátara,o Deus-Bem triunfará sobre o Deus-Mal, e conseqüentemente todos os homens serão ,por certo,salvos,pois o triunfo de Deus sobre Satã não poderiam ser completo enquanto a última criatura deste não abandonasse o seu invólucro carnal,para alcançar seu lugar no seio da milícia celeste.Em certos aspectos,o catarismo,afirma que esta vitória do Bem sobre o Mal será obtida”à justa”e ,de qualquer modo,não conduzirá à eliminação total do princípio do Mal,que é eterno e indestrutível.

 É o que já alguns controversistas  católicos censuravam os albaneses:”uma vez que as almas do Deus -bom,diziam,regressem ao seu reino e do Deus –mau ao seu,por que não recomeçarão as hostilidades entre os dois princípios?”a prova da Mistura,e sua derrota final,tornaram a obscuridade incapaz de renovar a sua tentativa de invasão do reino de Deus;a disjunção das duas naturezas,a superioridade do Bem,a segurança e a paz da luz,serão, então,definitivas. Como vê,a superioridade do bom princípio reside na sua eternidade.Enquanto o mau “dura”indefinidamente-porque  é princípio-,mas numa transformação perpétua e no caos(o inferno no sentido cátaro), o Deus do bem,esse que nunca muda e é capaz,uma vez que todo poderoso no bem,de acrescentar um pouco de existência aqueles que o Mal reduziu.Foi assim que Cristo fortaleceu o seu ser e se furta à corrupção universal.
Afinal,tinham a sociedade religiosa e as sociedades civis o direito de se defender contra esta conspiração da anarquia civil e religiosa? Reconheçamos que era um dever,pois que não se disputava somente sobre algum  ou alguns dogmas,mas que toda a ordem social se achava ameaçada.

Ednardo Cordeiro
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